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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Qui | 25.09.14

Sobre a vida universitária

Se havia pessoa entusiasmada por ingressar na vida universitária, essa pessoa era eu. Se havia pessoa entusiasmada por finalmente poder andar na cidade de Lisboa todos os dias, ver pessoas novas todos os dias, de não voltar a vê-las, de ajudar os turistas ( e vê-los maravilhados com o nosso povo e o nosso país), para desfrutar de tudo e mais alguma coisa ... Essa pessoa era eu. Não, não estou enganada: o tempo em que conjuguei o verbo ser é o correto. Era, já não sou.

Admito que estou cada vez mais desiludida com tudo, e posso não ser uma pessoa fácil que me dê com toda a gente e que consiga conquistar as pessoas logo na primeira impressão mas uma coisa eu vos garanto, a partir do momento em que me fazem sentir à vontade mostro a pessoa divertida e acessível que sou. 

Era suposto a primeira semana ser a semana de integração, não o foi. Como é que é possível sentir-me integrada quando passei cinco dias, cerca de sete horas diárias a olhar para o chão, a berrarem-me constantemente aos ouvidos por não saber o nome e o apelido da veterana X ou da/do excelentíssima/o veterana/o Y só pela voz, ou - o mais ridículo que ouvi - pelos sapatos? Como é que é suposto sentir-me integrada e começar a saber os nomes dos meus colegas de curso, a idade deles, os gostos deles, de onde vêm e como são se nem para eles posso olhar ou dirigir a palavra? Como é possível integrar-me e gostar das pessoas se, pela mínima asneira, é motivo para encher para fazer agachamentos ao mesmo tempo que dizemos frases rídiculas? 

Não compreendo. 

Estou a 400 km de casa, é normal que me sinta deslocada. Precisava de apoio? Claro que precisava e continuo a precisar. Preciso urgentemente de sentir que faço parte do novo lugar que ocupo. Se há compreensão por parte dos meus colegas? Mínima ou inexistente. Eu compreendo que eles não entendam a minha situação pois depois de um dia de praxe ou de um dia esgotante de aulas chegam aos espaço DELES, deixam as coisas nos QUARTOS DELES e recebem um carinho dos PAIS DELES PESSOALMENTE. Eu? Eu chego a uma casa que também é minha - é a dos meus tios - coloco as minhas coisas num quarto que agora passou a ser "meu" mas oiço a voz dos meus pais pelo telefone. Os meus colegas, chegam a casa esgotados psicologicamente e têm os amigos perto, combinam um café e estão todos juntos. Eu? Bem eu tenho os meus amigos uns a 200, uns a 300 outros a 500 km de distância e o telemóvel apesar de nos aproximar acaba por complicar as saudades. 

Claro que ninguém tem culpa, são coisas que acontecem e nem todas as pessoas se vão preocupar contigo como tu desejas mas se é suposto o bicho ser solidário onde é que anda a solidariedade? Só ocorre quando um "enche" e o resto paga também?

 

Estou esgotada! Quer a nível físico como a psicológico, o último principalmente. Não há ninguém que possa resolver a situação, não há palavras que descrevam o que sinto por não estar a gostar de uma coisa que terei de fazer durante 4 anos, por sentir que não vou ter amigos (amigos no sentido real da palavra) com quem partilhar as dificuldades e alegrias nos próximos quatro anos e quem sabe o resto da vida. Isto podia ser o ponto de partida para tanta coisa... para tantas aventuras. Sinto-me cada vez mais isolada e tenho tentado de tudo. Desistir passou de "nunca" ser opção, para um "talvez". 

Se as praxes tivessem sido diferentes talvez o grupo já estivesse unido. Se a semana de integração tivesse sido preparada de outra forma, tudo seria mais fácil. Se fossemos um de cada sítio, havia uma maior necessidade de conversar . Se, se, se ...

Talvez a culpa seja única e exclusivamente minha. É, a culpa é minha. Sempre foi, sempre há-de ser.

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