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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Qua | 09.07.14

Nunca me deixes,de uma maneira ou de outra, nunca me deixes - A História Real da Autora

Era uma vez, uma rapariga. Uma rapariga como tantas outras. Uma rapariga de cabelo castanho com cachos desorganizados nas pontas, de olhos com a mesma cor do cabelo, magra, muito insegura de si própria. 

A rapariga de que falo foi crescendo, teve uma infância feliz e tem uma adolescência complicada. Não tem dias felizes, completamente felizes, há muito tempo. A felicidade não é uma rotina na vida dela, mas o que pode ela fazer? Não lhe é permitido, nem a ela nem a ninguém, estalar os dedos e os problemas desaparecerem... Não lhe é possível fechar os olhos e fazer de conta que esses mesmos problemas não existem, até porque os problemas que lhe estão associados, têm duas pernas e respiram. 

 

Por incrível que pareça, todos os problemas dela já tiveram momentos de felicidade. Já a fizeram sorrir que nem uma tola, o problema é que agora a deixam de coração partido e por mais que tente lutar contra isso, não consegue.

 

O primeiro deles, começou a 29 de Agosto de 2012. Era um dia normal, um dia de verão normal sem muito para fazer. Um dos amigos da rapariga em questão fazia anos, e durante o jantar de aniversário lembrou-se de lhe mandar uma mensagem " Estive a pensar maninha, e quero-te apresentar um amigo meu.  Ele viu uma foto tua e ficou interessado." . A rapariga estranhou aquela atitude, nunca pensou que alguém se pudesse interessar por ela, muito menos sem a conhecer de lado nenhum e vendo-a apenas numa fotografia. O "maninho", sempre muito persistente e teimoso, lá a convenceu a aceitar que o tal rapaz ficasse com o seu número e a partir desse dia a conversa entre eles os dois fluiu naturalmente. Começaram a conhecer-se, a revelar pequenos segredos. Sem nunca se verem, apenas a imaginar como o outro seria através das fotos que tinham nas redes sociais. Setembro chegou, com ele o início das aulas. Ainda hoje a rapariga de cabelos castanhos se lembra do nervosismo que tinha na barriga logo pela manhã. Chegou à escola, ficou perto do portão com duas amigas a colocar a conversa em dia e com os dois olhos presos a qualquer pessoa que se aproximasse da entrada.. Sabia que mais cedo ou mais tarde o "maninho" iria chegar, iria cumprimentá-la com um abraço e um sorriso, seguir-se-ia a namorada do mesmo e por coincidência o melhor amigo da "cunhada" era o rapaz que o "seu irmão" lhe tinha "apresentado". 

E, talvez no momento em que deixou de se concentrar na chegada dele, ele chegou. Estava ainda mais bonito do que nas fotos. 

Depois desse dia, continuaram a falar todos os dias por mensagens, na escola desdobravam-se em sorrisos mas quando estavam perto um do outro remetiam-se ao silêncio. Quando um dos dois abandonava o grupo de amigos, aí sim, o outro dizia tudo o que tinha a dizer mas quando quem se tinham ausentado regressava, voltava o silêncio.

Em Outubro, começaram a namorar e tudo parecia correr bem. Porém, não estava destinado para ser. Ela soube, teve certezas, naquele dia 15 de Dezembro que não iriam durar muito mais tempo. Dizeres-lhe que precisavas de pensar, que achavas que não sentias o mesmo quebrou-lhe o coração em mil pedacinhos ... Se tu ao menos soubesses a dor que ela sentiu. 

No dia três de Janeiro, a vossa conversa soou a despedida. Pelo menos, tiveste a dignidade de acabar com ela cara a cara. A sorrir-lhe, e a dizer-lhe que pedias desculpa. Disseste-lhe que ela ia encontrar alguém que a amasse de verdade, mas ela fingiu que não ouviu. Ela só te queria a ti. Tu e ela decidiram continuar amigos, porém evitavam-se... Nunca mais falaram. Se soubesses o quanto lhe custou começares a namorar com aquela rapariga em Março, se soubesses o quanto a fizeste chorar quando ela já se estava a recompor... foi duro, mas durante o dia ela conseguia sorrir. O problema eram as noites sem dormir.

 

 

Nessa altura, a rapariga dos cabelos castanhos andava a falar com um rapaz. Um amigo que esteve lá para ouvi-la quando ela precisou, que lhe colocou um sorriso na cara quando ninguém mais o fazia, um amigo que percebia só de olhar para ela que não estava bem. Era bom estar com ele, sentia-se tão protegida e acarinhada na sua companhia. 

Ambos estavam um pouco quente, naquela tarde de Fevereiro, depois de terem estado a festejar a interrupção de Carnaval e os dias de férias que viriam ... Beijaram-se, a oito de fevereiro, no meio da multidão, debaixo de alguns olhares e muitos sussurros. Porém a rapariga afastou-se, e disse-lhe que não podia continuar com aquilo. Disse-lhe que não conseguia estar com ele, tendo outra pessoa na cabeça, tendo outra pessoa no coração. Não era justo para ele. Não era justo para ela. Não era justo para nenhum dos dois. 

Aquilo caiu no esquecimento, ou pelo menos, ela queria acreditar que sim. Nenhum dos dois se arrependeu do que fez, continuaram a falar como todos os dias.

A rapariga via o ex-namorado a aproximar-se cada vez mais da actual namorada ... A ser mais carinhoso com ela do que fora consigo, a sorrir mais, a rir mais e isso magoava-a. O único ponto de refúgio era o rapaz de cabelo pretos que tinha beijado naquele dia em Fevereiro. Mesmo com namorada nova, o rapaz loiro não deixou de se intrometer na vida da morena. Parecia bruxedo, ou de propósito ...

Num dia completamente normal o rapaz loiro voltou a meter conversa com ela. Disse-lhe um simples olá, perguntou-lhe se estava tudo bem e se as coisas entre ela e o rapaz de cabelo escuro estavam a correr bem. Naquele momento, a rapariga nem sabia o que sentir. Raiva. Medo. Carinho. Limitou-se a respirar fundo e a ser verdadeira com o loiro que ainda detinha o seu coração. Não se passava nada entre ela e o moreno. A conversa cessou pouco depois e nunca mais trocaram uma palavra desde esse dia ...

 

As coisas continuaram iguais, porém em Maio a rapariga de cabelos encaracolados deixou-se levar pelos encantos do rapaz moreno. Aprendeu a ser feliz novamente. Ela queria apaixonar-se por ele, porém sentia de cada vez que estavam juntos que ele merecia melhor. Muito melhor. Ele é o tipo de rapaz que todas querem ao lado. Que nos vais abraçar quando precisamos, que nos dá o casaco e fica ele a receber o frio, que vê um filme pela centésima vez só para nos ver chorar ou rir em determinada parte. Ele é o tipo de rapaz que nos faz sentir bem logo quando acordamos... A morena sabe que ele é assim. Sabe que, se gostasse dele como ele gostava dela, que teria sido tratada como uma princesa e que ainda hoje seria feliz. Porém, por alguma razão que o coração dela desconhece, não conseguiu sentir o mesmo que ele sentia. A relação que mantinham, chegou ao fim. A rapariga chorou em frente dele, como nunca tinha chorado por ninguém. Sabia que o estava a magoar, e ele sabia que ela estava magoada por estar a magoá-lo. Naquele momento, a rapariga desejou estar completamente apaixonada por ele mas ninguém manda naquilo que sente.

Hoje, essa rapariga percebe claramente que gostava do moreno ... estava a começar a apaixonar-se por ele mas nunca seria suficiente, nunca seira justo para ele.

Talvez, se tiver de ser, um dia o destino junte o rapaz moreno com a rapariga de cabelos castanhos. Por agora, continuam amigos e falam regularmente e isso é tão bom.

 

 

E depois, depois apareceu na vida da rapariga em questão outro rapaz moreno, completamente diferente do anterior, em tudo diferente dele. Aquele rapaz que tem fama de ter todas na mão, mas que se o conhecermos a fundo vemos ser sensível. Aquele rapaz que consegue ter conversas interessantes, aquele rapaz que quando está com os amigos é o oposto de quando está sozinho, que consegue aproveitar os silêncios sem que estes sejam constrangedores. Aquele rapaz que todos julgam mas poucos conhecem verdadeiramente. 

Começaram a falar do nada, o rapaz perguntou-lhe por acaso se era ela a rapariga que tinha visto em determinado sítio e ao confirmar as suas suspeitas a conversa saiu naturalmente. Agora que a morena pensa bem, ele andou quase três semanas a pedir-lhe o número de telemóvel e ela reticente nunca deu. 

Sem perceber muito bem porque, acabou por ceder. Começaram a falar regularmente, por mensagem mas ele queria mais. Era persistente, e todas as noites lhe ligava antes de adormecer. Ela não queria apegar-se a ele, sabia da sua fama, sabia dos problemas que ele lhe podia causar mas contra tudo e contra todos, apegou-se. Apegou-se mais do que devia, estava a gostar de o conhecer até ao momento em que tudo desabou. Ele dissera-lhe aquelas duas palavras que lhe metem a cabeça à roda, que lhe deixam o coração apertado e os nervos á flor da pele. E mais uma vez, ela não sabia o que dizer. Ela não sabia o que sentir.

Decidiu ser sincera, dizer-lhe que não sentia o mesmo e o moreno ficou magoado com ela. Deixou de lhe ligar para desejar boa noite, deixou de cantar para ela a sua música favorita, deixou de lhe mandar mensagens de bom dia assim que acordava.

Como se tudo já não estivesse complicado, o rapaz loiro decidiu acabar com a actual namorada. E, qual foi a primeira coisa que fez? Falar com a "cunhada" da rapariga morena, sobre ela mesma. A "cunhada" disse à rapariga de cabelos cacheados castanhos que o rapaz loiro e de olhos azuis penetrantes tinha falado nela, que talvez lhe mandasse mensagem para voltarem a falar, para se voltarem a conhecer ou pelo menos ficarem amigos. 

Sabe Deus como confusa a rapariga ficou à medida que os dias passavam e a mensagem prometida não chegava. Esperança, novamente aquela esperança, aquela luz ao fundo do túnel ... Novamente o engano.

A mensagem nunca chegou, e ainda bem. O rapaz moreno continuou a responder às mensagens, diz que quer resolver as coisas mas tão depressa diz isso como deixa de dar qualquer sinal de vida. De todas as vezes que tentaram resolver as coisas, o primeiro passo foi dela… E está tão farta, está simplesmente farta. O Verão não tinha chegado ao fim, e os problemas continuaram. O moreno que a fez realmente feliz, deixou de lhe falar. Deixou de responder às mensagens de um momento para o outro. A rapariga tinha saudades dele, tinham combinado ficar amigos e isso era essencial para ela e de um momento para o outro desapareceu. Ele estava revoltado, e disse-lhe que não queria falar mais com ela. Ela precisava dele, sempre precisou.

 

Como se não bastasse, e quando tudo parecia acalmar surge outro rapaz. Aquele em qual na conversa todas caiem, e a rapariga de que falo foi outra a cair. Toda a gente a avisou, todos lhe disseram que se ia magoar, que ele não era o que parecia, mas ela não quis acreditar. Agora percebe que ele não merece nem metade do que a rapariga é, merece apenas que o façam sofrer tanto como ele já fez todas as raparigas com que brincou. O primeiro moreno voltou a aparecer na vida da rapariga em Outubro mas nessa altura ela tinha os olhos demasiado tapados, estava cega. Disse-lhe que o desculpava, aliás foi isso que ela sempre quisera, resolveram as coisas da melhor maneira mas ainda hoje a morena se lembra de um momento dessa conversa: “Agiste como se me odiasses, aliás, tu ages assim porque me odeias” , e ele, com toda a honestidade do mundo disse-lhe “Não, bem pelo contrário”.

Foram falando, ganhando novamente a confiança um do outro mas muito devagar. A rapariga raramente mandava mensagem, tinha saído magoada da história que teve com o rapaz anterior, tal como toda a gente a tinha avisado ele brincou com os sentimentos dela. E, tinha magoado o rapaz de quem mais gostara na vida, não podia envolver-se com ele correndo o risco de o magoar novamente. Não era justo para ele. Mas havia uma secreta vontade de o abraçar, de entrelaçar a sua mão na dele pois, a mão dela e a dele encaixam perfeitamente, é estúpido, mas encaixam como se tivessem sido feitas a partir do mesmo molde. O rapaz também não falava muito, começavam a ter contacto aos poucos e os amigos sempre o encorajaram a desistir da rapariga que ele realmente amava por esta o ter magoado muito. Era compreensível. A rapariga já o tinha tentado esquecer por diversas vezes, ele tinha o direito e o dever de fazer o mesmo. Tinha de procurar a sua felicidade nos braços de outra rapariga. Uma rapariga que o amasse tanto como ele amara a rapariga de cabelos cacheados castanhos e que lhe tinha partido o coração em mil pedacinhos.

Em Abril, uma semana antes da viagem de finalistas, depois de tantas mensagens trocadas a rapariga confessou que não se importava de voltar a estar com ele. Foi a melhor semana da vida dela, aquela viagem mudou-a para o resto da vida mas do rapaz? Do rapaz nem sinal de vida. Nem uma mensagem de boa viagem, a perguntar se a viagem tinha corrido bem, se já tinha chegado a casa … Nada. Aquilo passou, como é óbvio a morena mostrou a sua revolta mas esta desculpou-o.

A 6 de Maio voltaram finalmente a estar juntos, mas pouco mais de uma semana tinha passado e já o casal que parece ter sido feito um para o outro se encontrava separado. Numa das conversas sérias que tinham tido, a rapariga contou-lhe o porquê de ter estado com outros rapazes, contou-lhe tudo o que tinha para contar e ele não foi honesto com ela. Durante este tempo todo, não se tinham ouvido rumores de ele ter estado com mais alguém por isso a rapariga arriscou e perguntou-lhe se ele tinha estado com mais alguém. A resposta foi negativa. Ele disse-lhe que  não, olhando-a nos olhos. Era mentira.

Ela não podia superar isso. Para muitos pode parecer parvo, pois como mais tarde ele admitiu, o “não” foi uma coisa que lhe saiu no momento ele nem pensou na resposta. Ou então, como muitos pensaram, ele disse-lhe que “não” porque queria que a rapariga morena se sentisse o centro do mundo de alguém uma vez na vida. Mentira é mentira, não há volta a dar. Todos os dias, todos os dias o rapaz tentava redimir-se mas era preciso voltar a ganhar a confiança da morena e isso nunca fora coisa fácil. Se lhe desse uma terceira oportunidade, seria a última. Pensando bem, alguma vez tinha sido realmente feliz? Sim, de Maio a Junho do ano anterior. Com quem? Com ele. Alguma vez a palavra amor tinha feito sentido? Sim. Com quem? Com ele. Alguma vez pensou que podia viver um conto de fadas? Sim. Com quem? Com ele. Todas as músicas, todos os filmes, todos os livros, em todos os momentos havia sempre alguma coisa que a fazia lembrar-se dele. Havia sempre algo, no fim do dia, que ela gostava de lhe ter dito.

A 12 de Junho de 2014, tudo se alinhou para que o casal voltasse novamente a estar juntos. Todo o tempo que estiveram separados parece ter sido suficiente e necessário para que ambos percebessem que não pertencem a mais ninguém, que não são felizes com mais ninguém, a não ser um com o outro. Eles pertencem um ao outro. Foram feitos um para o outro. Namoram. Estão felizes. Estão prontos a superar qualquer dificuldade que se lhes atravesse no caminho. Se tiverem de estar juntos apenas uma vez por semana, estão. Se só for possível estarem juntos um dia a cada duas semanas, vão fazer cada segundo desse mesmo dia valer pelas semanas todas. Porquê? Porque a 26 de Junho, a rapariga insegura deste texto todo disse-lhe a verdade: “Amo-te, e nada mais importa.” E a reacção que viu nele foi a reacção mais bonita que alguém lhe tinha proporcionado. Vê-lo quase em lágrimas, com um sorriso a transbordar o rosto e os olhos foi a melhor coisa do mundo. Descrever a cara dele nesse momento não é possível, porque todas as palavras que ponha aqui são injustas para a beleza daquele momento.

Agora, a nove de julho de 2014 a rapariga está a viver um conto de fadas. Está feliz, e espera sê-lo por muito tempo. Porque ela pertence-lhe a ele, e ele pertence-lhe a ele. E se um dia a relação deles acabar? Os dois têm a certeza que nunca terá fim, mas se, e só se acontecer, a promessa que não vai ser quebrada é apenas uma: “nunca me deixes, de uma maneira ou de outra, nunca me deixes”.