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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Dom | 19.12.10

Dreams of Love - Capítulo IX - Agora estou em casa

- Andreia – gritei a plenos pulmões mal a reconheci ao longe, estava cada vez mais bonita e tinha um sorriso enorme.


- Mariana, minha querida que saudade – disse-me e ambas nos abraçamos num abraço muito demorado – é bom saber que vou ter a tua companhia todos os dias.


-Nem imaginas o quanto é bom ouvir isso.


-Bem, que idade é que tu tens? Pareces uma senhora – toda a gente me diz que não tenho a idade que aparento, apesar de ser baixa – correcção: tu és uma mulher.
Sorri e voltei a abraçá-la, o seu sentido de humor e  a sua cumplicidade para comigo eram uma mais valia para mim. 
-Bem, tens tudo querida? – perguntou-me e eu acenei afirmativamente – Então vamos até casa deixamos as tuas malas, tomas um banho e seguimos para o Colombo, pode ser?
- Claro, comemos qualquer coisa lá?
-Sim, se quiseres dá tempo para descansares um bocado antes do jogo – já nos dirigíamos para o carro.
-Não, dormi a viagem toda e quero é estar com eles – não foi preciso explicar-lhe de quem se tratava.

Fizemos a viagem para a minha nova casa sempre divertidíssimas, a cantar o que ouvíamos na rádio e durante esse tempo mandei uma mensagem ao meu pai e à minha mãe e dizer-lhes que estava tudo bem. Chegamos a casa meia hora depois de termos saído do aeroporto, eram 18h15. Já conhecia bastante bem a casa, o meu quarto ia ser o mesmo que ocupei na minha última visita, era em tons de vermelho e preto e bastante espaçoso. Optei por tomar um banho enquanto a Andreia esperava por uma amiga sua – Romannela – mulher do Saviola. Retirei da mala as minhas calças skinny cinza escura, vesti um top básico branco, uma casaca preta, um lenço com padrão tigresa nos mesmos tons. Calcei umas sandálias pretas com pouco salto (esqueçam as da imagem) e coloquei os meus pertences numa carteira preta. Dei um jeito ao cabelo e este ficou com imensos caracóis, como eu gostava. Comecei a desfazer as malas até ouvir a campainha tocar, percebi que era a Romanella pois ouvi vozes femininas. 

 

 

-Andreia, estou pronta. – Disse enquanto desci-a as escadas. – Olá, tu deves ser a Romanella.


-Olá tu deves ser a Mariana, prima do Fábio, certo? – sorri e cumprimentei-a. – Prazer, ouvi falar muito de ti.


- Bem, espero. – disse com um sorriso.


Ficamos um bocado há conversa, apesar do meu espanhol não ser muito vasto, Romanella era super simpática e extremamente bonita, não me admirava nada que fosse modelo. Encaminhamo-nos para o Colombo, onde cada uma comeu uma salada e tomamos café. O ambiente naquele espaço, já fazia prever o jogo do Benfica pois viam-se vários adeptos e alguns até abordaram Romanella e Andreia para que estas tirassem algumas fotos com eles. A hora do jogo aproximava-se e eu estava cada vez mais nervosa. O Fábio já sabia da minha chegada e estava em pulgas para que o jogo começasse. Depois de termos parado numa loja, para comprar uns sapatos que Romanella andava a enamorara já há algum tempo, dirigimo-nos para o estádio. O ambiente estava infernal, inúmeros adeptos iam apoiar o seu clube e notava-se que as pessoas estavam confiantes. Admirei cada traço daquele edifício antes de lá entrar, a imagem que tinha guardada na minha mente não estava “actualizada”.

Estávamos já sentadas nos camarotes – preferia ter ficado no meio do estádio, mas a partir de agora como iria acompanhar Andreia aos jogos sentar-me-ia a seu lado. Os rapazes já estavam em campo a fazer o aquecimento e claro os meus olhos estavam colados ao Fábio e ao Ruben, mas a restante equipa também foi merecedora dos meus olhares. As meninas conversavam entusiasmadas entre elas, conheci a Brenda – mulher do Luisão e as restantes companheiras dos jogadores. Romanella mostrou-se muito atenciosa comigo e a cada conversa parecia que a conhecia há bastante tempo. O jogo começou, o Fábio e o Ruben começaram logo no onze inicial o que me deixou satisfeita. Durante o jogo, o Benfica foi sempre superior e o Fábio por três vezes esteve perto do golo, golo esse que chegou dos pés de Aimar aos 42 minutos. Os jogadores festejaram aquele golo todos juntos o que me deixou bastante comovida, pois notava-se que cada um deles ama o clube que representa.  O intervalo passou a correr e quando os jogadores se dirigiam para os balneários não pude deixar de reparar nos olhos de Fábio, presos nos camarotes. A segunda parte foi mais calma para ambas as equipas e o resultado final manteve-se igual ao da primeira parte. O jogo tinha passado bastante rápido para meu contentamento, o momento do reencontro estava cada vez mais próximo.
- Mariana, vamos andando para a sala de convívio esperamos lá pelos rapazes. – disse Andreia que estava felicíssima pelo desempenho de Fábio.
Sorri e limitei-me a segui-las. O grupo das meninas era bastante simpático e pareceu-me bastante unido, eram todas muito acolhedoras e funcionavam como uma grande família. Depois de meia hora a ouvir vozes nos balneários, estas ouviam-se agora nos corredores: Cardozo e Javi García conversavam animadamente sobre o jogo, e quando chegaram à sala a Andreia fez questão de perguntar pelo Fábio e de me apresentar. Credo, aquele Javi é bem melhor ao vivo … Os restantes jogadores começavam a aparecer na sala e como tal fui apresentada a todos eles. Alguns permaneciam na sala à espera dos restantes companheiros, outros regressavam a casa acompanhados das respectivas namoradas ou mulheres. Enquanto esperava, mantive conversa com o Nuno Gomes, Carlos Martins e Aimar – todos eles bastante contentes pela vitória.
Levantei-me e dirigi-me ao fundo da sala, encostei-me ao canto da parede e pela janela observei a noite lisboeta. Estava tão envolvida nos meus pensamentos que quase não acreditava no que via: Fábio tinha acabado de entrar na sala, a minha primeira reacção foi ter ao seu encontro e abraçá-lo.


- Fábio, que saudades tuas.

-E eu tuas pequena. – Deixamo-nos estar abraçados durante algum tempo e as minhas palavras de agradecimento fizeram-se ouvir. – Shh! Não me agradeças, eu só te quero ver feliz.


- O ranhoso do Ruben não sabe da minha chegada, certo?


- Certo. – Confirmou piscando-me o olho.


- Mariana se você está esperando pelo Ruben é melhor esperar sentada, ele e o David são sempre os últimos a chegar. – Completou Brenda agora abraçada ao Luisão.

- O Ruben é assim tão “menina”?


A equipa que ainda estava presente na sala riu-se em conjunto, o que confirmou a minha pergunta.

- Oh mano, belisca-me, não pode ser. Mariana? – a voz de Ruben interrompeu as gargalhadas e a minha cara foi ao encontro da sua voz.


- Cê pediu manz. – vi o David a beliscar o Ruben tal como este lhe tinha pedido e no rosto de David surgiu um sorriso maroto, de menino.


Com aquele momento foi impossível não soltar uma gargalhada e ir ao encontro do Ruben. Abracei Ruben de tal maneira que os braços me doeram e ele parecia uma criança num parque infantil – alegre.

- Vim para ficar – sussurrei-lhe ao ouvido.

Acabei por contar a Ruben da surpresa que lhe tínhamos feito, e em princípio ficou um pouco amuado por ser o último a saber, mas passou-lhe. A equipa benfiquista foi abandonando a sala de convívio e dirigiu-se a casa. Eu, Fábio, Andreia, Ruben e David fomos os últimos. A felicidade estava estampada no rosto de Fábio e Ruben o que me deixava mais feliz, até agora tudo tinha sido perfeito.

- Amanhã quero-vos lá em casa há hora do jantar – disse Fábio falando para Ruben e David que estavam agora encostados ao carro do último (Ruben não tinha vindo no carro dele) – temos de festejar o regresso da Mariana.

- Por volta das sete e meia podem começar a aparecer. – Disse com um sorriso Andreia, acabando por rematar com uma frase intrigante. – Sem desculpas.

Ao dizer estas palavras o seu olhar estava fixo em David e o meu seguiu o mesmo trajecto. Não sei explicar a razão, mas aqueles olhos castanhos avelã transmitiam-me segurança … eram lindos. Ruben e ele deixavam transparecer uma amizade enorme, notava-se. David não tinha falado muito desde que eu abordara Ruben, parecia distanciado, estava noutro mundo quase de certeza. Vi-o acenar com a cabeça e soltar um sorriso tímido, o seu olhar encontrou-se com o meu e podia jurar que o sorriso se tinha alargado um pouco mais, ou seriam coisas da minha cabeça? Mais uma vez, Ruben interrompeu-me os pensamentos.
- Claro, este menino vai nem que seja arrastado. Andas a falhar festas a mais mano. Até amanhã então, Mariana depois ligo-te.


- Combinado “menina”! – acentuei as aspas com as mãos e entrei para dentro do carro onde me atrevi a deitar-lhe a língua de fora.


-Amanhã não te escapas da vingança oh trenga. – disse a bom som.

A viagem de regresso a casa foi feita rapidamente, fui no carro com Andreia e Fábio seguia mesmo atrás de nós. Estava felicíssima, mas fiquei com a cabeça na “cena” do parque de estacionamento. “Sem desculpas!”

- A minha recém-lisboeta vai muito calada, estás distante Mariana.

-Não é nada… - momento longo de silêncio. – Oh, à uma coisa que não me sai da cabeça, porque é que disseste “Sem desculpas!” ao David Luiz?

-Ah isso querida. Ele não tem participado muito nos convívios e anda quase “apagado” do mundo. Acabou uma relação de quatro anos há pouco tempo e os jogos não lhe estão a correr da melhor maneira … simplesmente corta-se me o coração ao vê-lo assim. Já sabes como eu sou…
Permaneci em silêncio e a admirar, pela janela o resto do caminho. Ao entrar em casa, despedi-me deles e subi para o quarto. Encarei mais uma vez a lua e as estrelas e dei por mim, a sorrir mais uma vez sem razão.

 

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