Dreams of Love - Capítulo VII - Tudo de novo
Só porque vocês merecem este miminho.
VII – Tudo de novo
Tive de esperar dez longos segundos pela resposta do meu pai, aquela que eu tanto queria ouvir. Durante esse tempo, mantive o meu olhar preso no dele tentando assim, decifrar o que lhe ia na alma mas, ele sempre fora um homem de muitos segredos e pouco transparente. A sua boca abriu-se e consegui ouvir aquela simples palavra de três letras: Sim! Na minha face formou-se um sorriso enorme e abracei o meu pai, contra o seu peito proferi um obrigado, e deixei-me permanecer assim por algum tempo. Eu ia voltar para Portugal, eu ia viver em Lisboa. Um novo rumo ia levar a minha vida e pelo menos esperava ser feliz. Depois de uns instantes a reflectir sobre este assunto, lembrei-me da outra parte interveniente neste assunto: a minha mãe.
- Pai, diga-me uma coisa. A mãe concordou com a minha ida para Lisboa?
- Bem Mariana, a princípio a ideia não lhe agradou muito mas hoje de manhã ela e eu deixamo-nos convencer pela Andreia. Tem ali uma grande amiga e o seu primo soube escolher uma grande mulher. – Tal como eu o meu pai também nutria um carinho muito especial por Fábio.
- Eu sei disso, o Fábio sabe bem o que quer e a Andreia é uma boa menina que luta por aquilo que deseja, quem me dera ter metade da força que ela tem.
- A menina tem essa força, só precisa de encontrá-la.
Sorri mais uma vez, agora ia mudar tudo e ia escrever um novo capítulo na minha vida, assim eu desejava.
-Bem, Mariana eu vou voltar ao trabalho. – Disse em tom de despedida. – Ligue ao Fábio a agradecer e se precisar de alguma coisa, chame.
-Assim farei. Mais uma vez, obrigada.
-Não precisa de agradecer, nós só queremos que seja feliz e que volte a ser aquela menina que se dava bem com a vida, porque acima de tudo você sempre será a nossa princesa.
A porta fechou-se e eu fiquei novamente sozinha no quarto, resolvi ligar de imediato ao Fábio mas este não atendeu. A Andreia foi a minha segunda escolha. O telefonema durou cerca de uma hora e meia, mais de metade estive a agradecer pela preocupação, pelo carinho, pela amizade e acima de tudo pela confiança. No resto do telefonema, combinámos os pormenores da minha ida definitiva para Lisboa. Parti-a no dia seguinte ao final da tarde a Andreia ia-me buscar ao aeroporto e depois seguíamos para a Luz: o Fábio jogava no dia da minha chegada (sexta-feira) em casa e assim aproveitava e matava as saudades de um dos edifícios mais bonitos da capital. Ainda durante o telefonema, o Fábio chegou a casa, vinha do Seixal e por isso não atendera a minha chamada, ainda falei com ele ao telefone e claro, agradecimentos não faltaram. O Ruben surgiu na conversa e entre os três resolvemos fazer-lhe uma surpresa: depois do jogo ele ia dar de caras comigo e só sexta-feira é que ele saberia da minha ida para Lisboa. O mais difícil seria esconder a felicidade estampada na cara de Fábio, pois conhecendo o meu primo como conheço os seus estados de espírito reflectem-se-lhe na cara. Depois de desligar a chamada, comecei a cantarolar pelo quarto, abri a janela e enchi os pulmões, gritei a alto e bom som para que toda Berna ouvisse a minha felicidade. Consegui despertar alguns olhares curiosos, mas só por breves instantes. Queria lá saber, eu ia-me embora dali e em menos de um dia estaria em Lisboa, na cidade mais bela do Mundo. Estaria a pisar terras portuguesas ricas em história e sabedoria.
O resto do dia foi passando, fiquei a tarde toda enfiada no quarto a preparar a mala, a colocar dentro desta toda a minha roupa, o meu calçado, e alguns pertences. Ia ultrapassar o peso permitido, mas se queria começar a minha vida de novo tinha que levar tudo o que trouxera. Ao fim da tarde estava estoirada e o meu quarto já pouca coisa tinha, o que cada vez me deixava mais feliz. Preparei o jantar para mim e para o meu pai, uma comida simples e rápida de confeccionar, assisti aos noticiários que a cada dia se tornavam mais aborrecidos e acabei por adormecer no sofá da sala. Acordei já bastante tarde e dirigi-me até à casa de banho, fiz a minha higiene e deitei-me na minha cama, naquela onde iria dormir pela última vez.