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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Qua | 24.07.13

One-Shot - Let Her Go

Olá caros leitores, estou muito reticente quanto ao produto final desta One-shot mas não me ocorreram ideias melhores e por isso peço desculpa. Espero que gostem e que deixem o vosso comentário, caso não gostem façam-no na mesma. É muito importante para mim e ajuda-me a melhorar.

A próxima one-shot só será postada quando esta tiver um número "decente" de comentários.

 

 

One-Shot - Let Her Go

Acho que nunca percebemos aquilo que tivemos até que isso termine ou se vá embora. Nunca sabemos a sorte que temos até que essa mesma acabe. Acho que nunca nos damos conta do bem que nos faz termos uma certa pessoa ao pé de nós, até a perdermos. Especialmente, se a culpa dessa pessoa ter ido embora for nossa. E dói, doí bastante ver escapar entre os dedos algo que tínhamos como garantido. Doí saber que não fizemos nada para evitar que isso acontecesse. Porém, o que magoa mais, é o nosso coração ficar apertado de cada vez que pensamos nessa pessoa.

 

                De cada vez que o Joshua – o meu melhor amigo – ou mesmo a minha mãe ou a minha irmã mais nova falavam dela, o meu coração apertava. De cada vez que examinava as nossas fotos, as memórias invadiam-me e o meu coração voltava a mirrar dentro do peito. Todas as fotografias tinham uma história, um momento feliz pelo qual tínhamos passado. De todas as vezes que as via, parava sempre mais tempo na mesma. A minha preferida. Aquela em que estávamos de mãos dadas, a sorrir um para o outro. A luz do sol tornava os seus cabelos loiros ainda mais brilhantes, e os seus olhos verdes ganhavam um brilho especial.

 

                (…)


                Num dos dias seguintes a termos terminado, enquanto arrumava o quarto, encontrei uma das suas pulseiras. Era prateada, com uma pequena missanga no meio. Era um dos seus acessórios favoritos. Quase todos os dias, Catarina usava pulseiras. Não saía de casa sem ter pelo menos um daqueles objectos num pulso. Usava-as religiosamente. Pensando bem, eu costumava brincar com ela dizendo-lhe que usava pulseiras tantas vezes como comia cerais de chocolate. Tanto lhe fazia ser hora de almoço, lanche ou jantar. Para ela, cereais com chocolate encaixava sempre bem em qualquer parte do dia. Será que ainda continuava assim? Será que Catarina ainda tinha medo de gatos? Será que ainda pensa em mim de cada vez que a nossa música favorita toca no rádio? Será que ainda a ouve antes de dormir? Talvez sim … talvez não. Se calhar, a Catarina que eu conhecia já seguiu em frente…

                Será que ainda me ama?

 

                (…)

 

                Dois meses tinham passado. Dois meses sem notícias dela, sem ouvir a sua voz ou ver o seu rosto. Nesse espaço de tempo, pouco tinha saído. Limitava-me a ir à escola, que entretanto tinha terminado para dar lugar às férias de verão que todos os adolescentes esperavam. Desde que tinham começado, acho que, só tinha saído uma ou duas vezes. Não me apetecia sair e ter de enfrentar a realidade. O mais provável era vê-la, vê-la sorrir. Não que eu quisesse que ela andasse mal, é claro que não era egoísta a esse ponto. O meu medo, era vê-la sorrir e perceber que tinha deixado de ser o motivo para aquele gesto. O meu medo era vê-la sorrir para alguém, do mesmo modo que o costumava fazer para mim. Só essa possibilidade consumia-me por dentro.

                Senti a porta do meu quarto a abrir-se, e a fechar-se logo de seguida. Pelos passos consegui perceber que se tratava de Joshua. Fechei o ecrã do computador e virei-me na sua direcção. Da sua parte, recebi um sorriso algo torto ao ver o estado em que me encontrava.

                - Como estás mano? – Aquela era uma pergunta retórica. Joshua sabia perfeitamente o estado em que me encontrava.

 

                - Estou mal, Josh. Estou cada vez pior, mas estou a lidar com aquilo que semeei por isso só me resta aceitar.


                - Não podes andar assim. – Disse-me.

 

                - Queres que ande como? Feliz? De sorriso na cara? Mano, eu perdia-a, e era tudo o que eu precisava. Achas que eu consigo estar de outra maneira a não ser esta? – Exaltei-me, barafustei mas sentia que aquela conversa me ia ajudar.

 

                - Ouve, eu entendo que estejas assim mas é normal que não goste de te ver nesse estado. Fizeste asneira com a Catarina. Tu traíste-a, e isso não se faz a ninguém. Tudo bem que estavas bêbedo mas ela não merecia e o problema foi teres percebido isso tarde demais. 


                Passei as mãos pelo cabelo enquanto tentava digerir as palavras que Joshua me dissera. Ele tinha razão, mais do que razão.

 

                - Porque é que só damos valor às coisas depois de as perdermos?


                - Tu perdeste-a por essa mesma razão. Enquanto a tinhas não lhe deste o devido valor. Devias ter parado com as saídas à noite, com as bebedeiras, devias ter aproveitado esse tempo para estar com ela. Para conversar com ela, e o que é que tu fizeste? – Joshua estava de pé, e enquanto falava as suas mãos ganhavam vida própria. – Continuaste a sair, e não te importaste se a rapariga estava bem ou mal com isso. Eu não duvido que a amasses, o problema aqui é que não lhe soubeste mostrar isso. E agora? Agora estás aí, nesse estado deprimente, porque não soubeste dar valor. Pensa comigo, se não tivesses telemóvel sabias a falta que ele te faz de cada vez que te esqueces dele? – Olhei para Joshua de uma maneira acusatória, aquela não era a melhor das comparações. – Pára de olhar para mim com essa cara, eu sei que é uma pergunta estúpida mas responde-me.


                - Não. – Respondi-lhe depois de pensar algum tempo.

 

                - Então … O meu ponto de vista é simples, tu só sabes a falta que uma coisa te faz quando precisas dela. Só ligas os candeeiros quando é de noite, porque a luz do sol já não é suficiente. – Por mais descabidas de razão que as explicações de Joshua pareciam, faziam sentido na minha cabeça. - Se estás longe, só tens saudades de casa quando o que estás a viver já não faz sentido e é sempre a mesma coisa … Com a Catarina acontece o mesmo. Tu só percebeste o quanto gostavas dela, o quanto a amavas, quando a deixaste ir.


                Ele tinha razão. Eu só soube o que era amá-la, quando a perdi.

 

                - Vais ficar aí sentado sem fazer nada? Vais esconder-te no quarto mais dois meses? Vais deixar que ela encontre alguém que lhe dê o devido valor? – Não lhe respondi, não sabia o que dizer. – Matt, eu só te vou perguntar isto mais uma vez: vais deixar que alguém a ame como tu devias ter feito ou vais lutar por uma segunda oportunidade?


(…)

                O ritmo do meu coração era quase tão acelerado como o dos meus passos. A casa de Catarina ainda era um bocado longe mas tempo era o que não me faltava. Nem que tivesse de estar lá a noite toda, íamos conversar. Ia tentar que ficássemos pelo menos amigos outra vez.

                Não dei pelo tempo passar, quando dei por mim já estava à porta de sua casa. Respirei fundo uma e outra vez. As luzes da sala de estar estavam acesas, na pior das hipóteses só a mãe é que estava em casa. Respirei fundo mais uma vez, e num flash de coragem ou ousadia, toquei à campainha. Do outro lado consegui perceber a sua voz, provavelmente a dizer à mãe que ela abria. Em menos de nada, tinha-a ali à minha frente. Continuava bonita. O cabelo loiro parecia-me mais claro e a sua pele estava mais morena. Estava surpreendida pela minha presença, mas não me parecia enervada. Estava calma, pelo menos os seus olhos verdes eram o que me transmitiam.

 

                - Matt … - foi a primeira a quebrar o silêncio. Deus, como eu tinha saudades de ouvi-la chamar o meu nome.

 

                - Catarina … - assim que disse o seu nome, pôde jurar que um pequeno sorriso se formou no seu rosto.

 

                E com aquele sorriso eu tive todas as certezas do mundo. Se ela me desse uma nova oportunidade, eu dar-lhe-ia todo o valor que não dei na primeira vez. Eu podia tê-la perdido uma vez, mas não era rapaz de a perder uma segunda. Foi preciso perdê-la para perceber o quanto era importante tê-la na minha vida. Eu só soube que a amava, quando a perdi… mas isso não ia voltar a acontecer.

2 comentários

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    Annie 15.08.2013

    Olá minha querida, eu adoro a música mas devo confessar que quando toda a gente andava "maluca" com ela eu preferia a versão do Diogo Piçarra.
    Obrigada pelo comentário e pelas tuas palavras, é isso que tento transmitir nas minhas histórias, algumas lições, algumas dicas.
    Beijinhos
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