One-Shot - On a beau dire
Mais uma manhã, mais um novo dia. A mesma rotina e, por conseguinte, a mesma tristeza no coração de Teresa desde que ela e o seu namorado tinham terminado. A rapariga de cabelos longos, desligou o despertador que tanto a incomodava nos últimos tempos, afastou os lençóis que a protegeram do frio durante a noite e levantou-se para subir as persianas e abrir um pouco a janela. Deparou-se como um dia igual a tantos outros na cidade de Londres: enevoado e com ameaças de chuva. Suspirou e voltou o seu olhar para a cama que ainda há minutos tinha ocupado. Era estranho, mesmo cinco meses depois de se terem separado, não ver Zayn ainda deitado enquanto ela já estava desperta e pronta para um novo dia na cidade dos seus sonhos. Afastou aquelas memórias do seu pensamento e dirigiu-se para a casa de banho, voltando ao quarto para se vestir depois de um banho relaxante. Vestiu umas calças de ganga justas ao corpo, uma túnica com um padrão floral e ornamentou o pulso esquerdo com algumas pulseiras de metal, bem como o seu relógio branco favorito. Não era costume demorar tão pouco tempo a preparar-se e por isso decidiu passear um bocado antes de se dirigir para o trabalho numa das editoras discográficas mais famosas do país, e também do Mundo.
Talvez não tivesse sido uma boa ideia, passear no parque onde tantas vezes tinha descontraído e conversado com o moreno que ainda tinha o seu coração, era até doloroso pois a cada passo que dava várias memórias preenchiam-lhe o coração e a cabeça … Como era possível ter sido tão feliz com ele? Como era possível que um rapaz a pudesse ter feito tão feliz e agora a fizesse sentir tão triste e incapaz de voltar a amar? Simplesmente não sabia, e desconfiava que alguém conhecesse a resposta para todas aquelas dúvidas. Por mais voltas que desse ao parque, acabava sempre sentada no banco onde Zayn a tinha pedido em namoro e naquele dia não fora excepção … Deixou-se estar no mesmo sítio durante alguns minutos, vendo as pessoas e perguntando-se a si mesma se alguma delas a compreendia. Não, ninguém era capaz de a compreender. Afastou as lágrimas que lhe marejavam os olhos e seguiu para o local que tinha mudado a sua vida, há cerca de dois anos atrás.
(…)
- Bom dia, cupcake. – Blair, a melhor amiga de Teresa desde que esta tinha chegado a Londres, cumprimentava-a sempre desta maneira, e Teresa também tinha uma resposta carinhosa para Blair.
- Bom dia, pumpkin. – Teresa sorriu-lhe, e Blair sabia que aquele constituía um sorriso cordial, associado à boa educação e não ao facto de Teresa se encontrar feliz.
Teresa cumprimentou os restantes colegas ou com um sorriso ou com o típico bom dia, um pouco seco e sem qualquer emoção a transparecer-lhe na voz, e sentou-se na sua secretária de trabalho. Ligou o computador portátil e quando se preparava para começar o trabalho que tinha deixado por acabar no dia anterior, o seu telefone tocou. Mal levantou o auscultador, a voz de Simon cumprimentou-a do outro lado da linha:
- Bom dia, Teresinha. – Simon era o seu patrão, e apesar de ser bastante exigente possuía um enorme carinho por Teresa. Era uma rapariga trabalhadora, simpática e acima de tudo sincera, com os pés bem assentes na terra. Simon considerava-a quase como uma filha.
O sotaque britânico empregue na voz de Simon, que ela tanto adorava, levava-a a sorrir de cada vez que ele a tratava pelo diminutivo do seu nome: - Bom dia, Simon. Há algum problema?
- Estás muito ocupada ou podes chegar ao meu gabinete? Preciso de falar contigo … Aliás, precisava de um favor teu. – O compasso de espera que Simon tinha utilizado antes de dizer a Teresa que precisava que ela lhe fizesse algo, deixou-a preocupada e um pouco curiosa.
- Sim, claro que posso, mas será possível terminar antes o relatório que me pediu? Assim escusava de o incomodar mais tarde … - Apesar da relação algo próxima entre Simon e a jovem, Teresa mantinha a boa educação e não o tratava por “tu”.
- Consegues acabar isso antes das dez e meia da manhã? – Perguntou-lhe.
- Dez minutos e estou aí. - Teresa terminou o relatório no tempo que tinha previsto a Simon, e dirigiu-se ao seu escritório. O relógio marcava apenas nove horas e quinze minutos.
(…)
- Aqui está o relatório que me pediu ontem, Simon. – Teresa passou-lhe o relatório para as mãos, e Simon indicou-lhe a cadeira à sua frente para que Teresa se sentasse.
- Nunca vais perder o vício de me tratar por você, pois não? Bem, obrigada pelo relatório depois de o analisar volto a chamar-te. Como sabes, o James encontra-se doente e por isso hoje não veio trabalhar – James ocupava agora o antigo posto de trabalho de Teresa, que consistia em receber os artistas e orientá-los durante o tempo que passariam na empresa – e eu gostava que o substituísses.
Teresa desconfiava o porque de Simon lhe estar a pedir para ocupar o seu antigo posto naquele dia, e sabia perfeitamente que a razão principal não era o seu profissionalismo. Antes de perguntar quem é que iria ter de acompanhar, o seu coração já conhecia a resposta, e acabou por engolir em seco: - Quem é vou receber hoje?
Aquando da resposta de Simon, Teresa limitou-se a acenar afirmativamente com a cabeça e a pedir se podia retirar-se do escritório do patrão. Simon sabia que por um lado era cruel pedir a Teresa que acompanhasse a banda do seu ex-namorado durante aquela tarde mas, por outro, gostava que eles se voltassem a entender.
(…)
- És tu que vais substituir o James? – Blair olhava para a amiga com alguma preocupação e com a incerteza a denotar-se-lhe na voz.
- Sou, - respondeu-lhe Teresa – e não fiques com essa cara. Eu estou bem. Só tenho de recebê-los, fazer-lhes companhia enquanto o Simon fala com a restante equipa e estar presente quando falar com eles sobre a tour. Depois disso, eles vão embora e eu posso ir para casa. – Suspirou e tentou convencer-se que iria ser uma boa visita. – Nem tudo é mau, posso estar com Harry e com os outros.
- Sabes perfeitamente que não vai ser assim tão simples, não sabes? – Blair não esperou que a melhor amiga respondesse, e continuou o seu raciocínio. – Eu sei que o Harry é o teu melhor, sei perfeitamente que o Niall e o Louis têm um carinho por ti quase inexplicável, é quase como se fosses irmã deles e, que o Liam te pede conselhos por tudo e por nada. Não é isso que me preocupa. O que me preocupa é o Zayn, e sabes porque? Porque o Zayn significa mais para ti do que qualquer outro rapaz daquela banda. O Zayn significa mais para ti do que qualquer outro rapaz do mundo.
As duas amigas estavam a almoçar num espaço público, mas Teresa não se conseguiu controlar e abriu finalmente o coração para a amiga: - Eu continuo a amá-lo como no primeiro dia … aliás, amo-o mais a cada dia que passa mesmo não estando com ele. Sabes, eu acho que mesmo que se morresse o continuava a amar. – As mãos de Teresa cobriram-lhe o rosto, tentando acalmar-se e Blair passou-lhe a mão pelos ombros, num gesto reconfortante. – Blair, eu estou tão farta desta imagem. Eu criei uma imagem de uma Teresa forte, que não se deixa atingir por nada nem por ninguém mas eu não consigo. Todos os dias eu sinto a falta dele, todos os dias eu quero que ele me bata a porta e diga que a separação foi um erro, que precisa de mim, que sente a minha falta… Mas isso não acontece. Toda a gente diz que com o tempo, tudo passa e tudo se esquece mas eu não acredito. Eu continuo a sofrer, mas nada apaga a imagem que tenho dele. Nada consegue desvanecer da minha cabeça aquele sorriso, aquela cara de “badboy”, – Teresa soltou um breve sorriso e limpou as lágrimas com ajuda de Blair – aquela voz. Nada Blair, nada o consegue afastar do meu pensamento.
- Não Teresinha, não é do teu pensamento. É do teu coração. – Com estas palavras as duas amigas acabaram aquela conversa e depois de pagarem o almoço dirigiram-se para a discográfica. Antes de entrarem, Blair deu um abraço a Teresa e disse-lhe o que há muito tinha “preso” na garganta: - Eu tenho a certeza que tu ocupas o mesmo lugar no coração dele, ele só teve medo de te perder com a distância. Ele teve medo do que os fãs pudessem dizer-te, e teve medo de não estar cá para te apoiar. Tu sabes perfeitamente que por baixo daquela capa de menino malvado, está um rapaz sensível. O Harry já te disse isto, e eu volto a dizer-to. O Zayn ama-te, dá-lhe uma oportunidade de se explicar.
Sem mais nenhuma palavra, Blair dirigiu-se ao seu posto de trabalho e Teresa deixou-se ficar na porta à espera de Harry, Niall, Liam, Louis e Zayn. Não teve de esperar muito, pois cerca de dez minutos depois de Blair ter entrado uma carrinha preta com os vidros escuros apareceu à porta e da mesma saíram os cinco rapazes. Harry, assim que viu Teresa abriu os braços e aproximou-se a passos largos da amiga. Teresa deixou-se envolver no abraço daquele rapaz que há tantos meses não via. De seguida, Teresa recebeu um abraço apertado de Liam, outro de Louis e claro, o abraço de Niall. Zayn foi o último a abandonar a carrinha, e assim que saiu deparou-se com a ex-namorada. A rapariga que ainda tinha o seu coração. Aproximou-se da mesma com um pouco de receio e cumprimentou-a com um beijo em cada face.
- Olá Teresa. – Foi a única coisa que lhe consegui proferir, enquanto admirava a sua beleza. A ex-namorada estava mais magra, os olhos não tinham o mesmo brilho que há cinco meses atrás porém, continuava linda.
- Olá Zayn. – Teresa conseguiu responder-lhe, embebida naqueles olhos castanhos. Admirou o rapaz que se encontrava à sua frente. Zayn estava mais magro, notava-se uma expressão cansada e o brilho nos olhos de Zayn não era o mesmo porém, continuava bonito. Muito bonito.
Teriam muito mais para conversar, muitas mais palavras para dizer do que um simples “olá”. Ambos sabiam que tinham de ter uma conversa séria, ambos sabiam que aquele dia iria mudar a vida deles. Ambos tinham a certeza que aqueles cinco meses separados não tinham sido em vão. Fora uma escolha de Zayn, talvez a escolha que mais se arrependia na vida, mas fora a sua escolha e não havia maneira de voltar atrás. Aqueles dois corações continuavam unidos, e pertenciam um ao outro. Ambos estavam perdidos e com esperança que aquele encontro trouxesse a alegria que ambos desejavam. Uma alegria partilhada por aqueles dois seres que se amavam mais do que tudo. Aqueles dois jovens representavam a prova viva de que um amor, pode permanecer independentemente do tempo que estejam separados…