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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Qui | 12.07.12

One-Shot - More Than This

Oiçam com a música que se encontra debaixo da imagem e comentem. Por favor, comentem.

 Melanie estava sozinha em casa e não esperava ninguém, daí a sua surpresa quando tocaram à campainha. Desceu as escadas um pouco à pressa e quando chegou à porta de entrada não se deu ao trabalho de espreitar pelo “buraquinho”, abrindo-a de imediato. Do outro lado, um rapaz de pele clara com a barba de há dois dias e uns olhos azuis-esverdeados muito inchados e marejados. Louis, o seu melhor amigo.

 

                -Louis, o que estás aqui a fazer? Porque estás assim? – A voz de Melanie transpirava preocupação, doía-lhe ver o seu amigo naquele estado. – Porque estás a chorar?

 

                O rapaz não lhe respondeu e ao notar as lágrimas no rosto de Louis, Melanie recebeu-o nos seus braços. Não se sabe ao certo quanto tempo assim permaneceram mas, o suficiente para que Louis parasse de chorar e a convite de Melanie se sentasse no sofá da sala. Encontravam-se os dois num profundo silêncio, apenas interrompido pela pesada respiração do rapaz que, de vez em quando para se tentar acalmar, suspirava. A mão de Melanie brincava nos cabelos dele, acabando por desalinhá-los mas nem isso o tornava menos bonito. Os olhos dele encontraram os verdes de Melanie, e esta tomou a liberdade de iniciar a conversa que se seguiu.

 

                - Mais calmo? – Perguntou-lhe, manifestando mais uma vez a sua preocupação e ao ver Louis assentir, prosseguiu: - O que se passou, Louis? Porque choravas?

 

                - Apanhei a Serena com o Nathaniel. Ela traiu-me, Mel. – De novo, aquela imensidão azul tornou-se marejada e mais lágrimas percorreram a bonita face de Louis. – A Serena traiu-me.

 

                Melanie sempre soubera que Serena não era a rapariga perfeita para Louis, nunca tinha acreditado que aquela loira falsa fosse merecedora de rapaz como ele. De todas as vezes que Louis lhe perguntava algo sobre Serena, Melanie acaba sempre por discutir com ele. Tinha perdido a conta a todas as vezes que o tinha avisado. Serena não o amava, se o amasse não o tinha traído. E porque? Porque é que Louis se tinha interessado por uma rapariga tão fraca de espírito? Tão pouco inteligente, que nem uma conversa de mais de dez frases conseguia articular. Qual a razão, para o coração do melhor amigo bater por Serena e, não por Melanie? O que é que ela tinha a menos que ela?

 

                - Eu lamento tanto, Lou. – Foi a única coisa que lhe foi permitida dizer.

 

                - Ambos sabemos que não lamentas, Mel. – Louis secou novamente as lágrimas e clareou a voz. – Estás morta para me dizer “eu bem te avisei”. Podes fazê-lo, podes deitar tudo o que pensas cá para fora. Pelo menos, serás verdadeira.

 

                - É verdade Louis, é tudo o que me apetece dizer: eu bem te avisei. – Respondeu a rapariga dos cabelos castanhos cacheados. – Quantas vezes te pedi para não alimentares mais esperanças? Para que não a conhecesses melhor? Para que não lhe desses uma oportunidade?

 

                - Muitas … - confirmou.

 

                - E tu, - acusou-o - preferiste não seguir os meus conselhos e agora estás assim. Porque é que aquela vaca só sabe brincar com os teus sentimentos? De todas as vezes que ela te magoou eu estive aqui, a avisar-te – e porquê? Porque Melanie era capaz de amar Louis mais do que Serena alguma vez tinha feito. - Explica-me Lou, explica-me como é que tu nunca percebeste que ela nunca te amou!

 

                - Eu estava cego por ela, Melanie. Cego! – Louis levantou a cabeça das pernas da rapariga por quem possuía um carinho extraordinário, e sentou-se do mesmo modo que ela, enfrentando a veracidade das suas palavras cara a cara.

 

                - Custa-me que, de todas as vezes que te tentei abrir os olhos não tenhas acreditado em mim. Se o tivesses feito, não estarias a sofrer Louis.

                - Eu sei disso, e estou tão arrependido por não te ter dado ouvidos. – Era notório esse arrependimento.

 

                - Não falemos mais nisso, ela é que perde. Espero sinceramente que nunca mais na vida dela se atravesse um rapaz como tu. – Melanie apertou Louis nos seus braços, e assim ficaram durante algum tempo. Louis, poderia jurar que o batimento cardíaco de Melanie tinha acelerado quando o seu corpo entrou em contacto com o dele mas, a sua cabeça estava demasiado confusa para fixar o que quer que fosse. – Promete-me que nunca mais voltas para ela.

 

                - Sabes bem que não, Mel. Só não me peças para a esquecer de um dia para o outro. Por mais que tenha sido uma brincadeira para a Serena, para mim foi verdadeiro. – E só Deus sabia o quanto Louis lamentava esse facto. – Infelizmente, foi verdadeiro.

 

                - Eu não te peço que o faças já, mas que tentes aos bocadinhos. De outra forma, será impossível para mim ver-te sofrer por muito mais tempo.

                - Aos bocadinhos, será. – Mais um momento silencioso invadiu aquela sala de estar, e mais um abraço surgiu. Abraço no qual, Louis tentava transmitir toda a sua gratidão por ter Melanie do seu lado, como sempre estivera em todas as situações difíceis. Melanie era de facto a sua melhor amiga, a sua irmã de coração. Por outro lado, Melanie mesmo que de forma condicionada tentava transmitir todo amor que nutria por aquele ser. Melanie amava-o, desde pequenos que o seu coração batia mais forte, de todas as vezes que avistava o rapaz de cabelos chocolate rebeldes. Para Mel, Louis era tudo o que ela via. Nunca lho dissera, e tencionava não o fazer com medo de perder a sua amizade. – Obrigada por tudo, Mel. Tens sido uma excelente amiga, eu gosto tanto de ti.

 

                - Eu também Lou, mal tu imaginas o quanto. – Confessou-lhe em sussurro.

 

 Naquela noite, Louis permaneceu em casa de Melanie e partilharam a mesma cama como já tantas vezes tinham feito. Enquanto o rapaz dormia, Melanie admirava-o com várias certezas em mente: Se fosse Melanie no lugar de Serena nunca teria partido o coração de Louis; se fosse com ela, Melanie tinha aproveitado todos os momentos com ele, tê-lo-ia acompanhado a todos os jogos da escola mesmo não percebendo nada do assunto; não teria insistido para que o rapaz a acompanhasse ao Baile de Inverno, mesmo adorando que ele lhe pedisse para ir consigo e dançarem a noite toda; se fosse com a rapariga dos cabelos cacheados, teria aproveitado todos os “momentos mortos” para lhe dizer o quanto ele significava; se fosse com Mel, teria feito tudo de maneira diferente. Mas não tinha sido com ela, e talvez por isso Melanie continuava amar Louis.

 Uma réstia de esperança despertava agora no coração da rapariga que possuía duas esmeraldas verdes no olhar: agora que não tinha de ver mais Serena nos braços de Louis, agora que as mãos do melhor amigo não entrelaçavam mais as da loira, agora que Melanie não tinha de encarar o chão ou outra coisa qualquer para não os ver chegar juntos e vê-la ocupar o seu lugar, talvez Louis olhasse para ela de modo diferente. Afinal, nada era impossível e Melanie é capaz de amar e fazer Louis feliz como nunca Serena fizera. Se Serena “tinha amado” Louis por causa da sua perfeição, Melanie amava mais do que isso.

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