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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Qui | 07.06.12

Before you leave me - Capítulo VIII

No capítulo anterior: 

 

- Eu precisava de ir para casa, queria aproveitar o tempo livre que agora tenho para organizar as músicas que tenho no computador e dar uma vista de olhos à lista de livros que quero ler...

- Então está decidido, acabamos a pizza e rumamos até casa. – Proferiu já dentro do espaço de refeição que tínhamos escolhido para almoçar. – Quer dizer ... eu posso ajudar, se quiseres.

- Claro. – Sorri.

Before You Leave Me - Capítulo VIII

 

(…)
- “Sex On Fire”, eh lá temos aqui uma menina atrevida. – Zayn encontrava-se com o meu ipod na mão a ver a lista de música que todos os dias me acompanhavam. Peguei na almofada que tinha mais perto e atirei-lha, o objectivo foi alcançado – consegui acertar-lhe – mas não com a força que desejava o que levou Zayn a gargalhar. – Ouch, que dor.
- Parvo! – Acusei-o.
- Parvo?! Que ofensa tão grande … - Zayn não era um excelente actor e o facto de ter um sorriso matreiro no rosto, não ajudava. – Sua rebelde.
- A guitarra que está lá em baixo … é tua?! – Tentei mudar de assunto mas Zayn encontrava-se concentrado na música e não respondeu a nenhum dos meus chamamentos, nem mesmo quando o insultei.
Levantei-me e fui ao seu encontro, retirando-lhe os auscultadores dos ouvidos. – Hey, eu estava a falar pra ti!
- Desculpa, estava concentrado nas tuas músicas … 
- Gostas de The Script? – Recebi um aceno afirmativo. - É só uma das minhas bandas favoritas …
- A minha também … - Zayn tinha o vício de passar a mão pelo cabelo enquanto sorria ou então, pura e simplesmente porque lhe apetecia. – O que estavas a dizer antes de me interromperes?
- A perguntar-te sobre a guitarra que está no hall … foi a primeira coisa que vi quando entrei aqui em casa, há três semanas. 
- É minha … Costumava estar no meu quarto mas desde que a Kate foi embora nunca mais lhe mexi. – Suspirou.
- Foi ela que ta ofereceu? – Inquiri a medo da sua reacção, hoje tínhamos falado e remexido bastante no passado. Um passado doloroso e de memórias ainda recentes, frescas…
- Sim, ela em conjunto com os outros mas a ideia foi dela. Era a única que sabia sempre o que me oferecer e no último aniversário acertou em cheio. – Zayn sentia a sua falta, era notório a cada palavra proferida.
- Desculpa … Hoje parece que todas as conversas vão parar ao passado … - indaguei.
- Nem sempre é mau remexer nele. – Encontrava-me perto de Zayn, perto o suficiente para ver as pequenas imperfeições do seu rosto. – É o passado que define o futuro e aquilo em que nos tornámos ou aquilo que somos: eu não acho que tenha mudado, por exemplo.
- Acreditas mesmo nisso? 
- No quê? No passado nos moldar? – Acenei afirmativamente e Zayn prosseguiu. – Sim, acredito. Tu não?
- Acreditar acredito, mas não com tantas certezas como tu. – Zayn largou o Ipod e colocou-o na mesa-de-cabeceira, depois e num movimento rápido, ajeitou as almofadas e encostou a nuca nas mesmas. – O meu passado é complicado, não se resume apenas ao orfanato e ao facto de eu nunca ter sido adoptada. Ultrapassa o que as pessoas podem pensar. – Suspirei e deitei o meu corpo perto do de Zayn. – O facto de ter sofrido e de ter passado o que passei não me torna melhor pessoa, o que fui ou o que passei não pode, nem eu quero que me defina. 
Duas lagrimas gordas deslizaram dos meus olhos, Zayn apressou-se a limpá-las e num movimento carinhoso, a sua mão fez suaves festas no meu cabelo. Permanecemos em silêncio, apenas interrompido pelo seu breve sussurrar: - O passado pode doer, mas eu estou aqui para alterar o teu futuro.
(…)
  Fazia hoje, exactamente um mês e duas semanas que tinha saído do orfanato e as coisas não podiam estar melhor. Era bom sentir-me integrada, era bom acordar de manhã com um sorriso. Era bom sentir-me amada e muito bem-vinda por toda a gente. Em casa, com Charles e Rosalie tudo corri às mil maravilhas: tratavam-me como uma verdadeira filha e eu sentia que podia confiar neles, a cem por cento. Na escola, as coisas corriam de igual modo: toda a turma se dava bem comigo, eramos bastante unidos e até agora tinha conseguido tirar boas notas em todos os testes/trabalhos. Niall, Mary e Harry tinham-se tornado os meus verdadeiros amigos, juntamente com Zayn. Zayn … era especial, era mais que um irmão: era um apoio incondicional, estava sempre presente quando era preciso. Não podia, nem posso negar que me sinto nervosa e ao mesmo tempo, muito bem, quando estou junto a ele. Quando ele me toca, quando me dá um beijo na testa ou mesmo quando discutimos… eu sinto-me bem, incrivelmente bem.
- Zayn, achas que me podes emprestar o teu … - entrei de rompante no quarto ao lado e, como não bati à porta, acabei por encontrar Zayn em trajes menores.
- O meu? – Zayn encarou-me e passou a mão pelo cabelo molhado desalinhando-o e dirigindo-se ao armário de onde tirou uma sweat verde, eu continuava especada a olhar para ele. – Colbie, o que vinhas buscar?
- Oh, pois – disse-lhe desviando o olhar – vinha perguntar se me emprestavas o teu ipod, não sei onde pus o meu.
- Está aí na mesinha de cabeceira, podes levar. – Zayn era assim: sempre pronto a ajudar-me e a disponibilizar qualquer coisa que eu precisasse. Sorriu-me, imitei-lhe o movimento e peguei no ipod. Os olhos de Zayn percorreram o meu corpo e vendo que eu estava mais desportiva que o normal, perguntou: – Vais correr?! 
- Sim, não demoro muito. Queres vir? – Na melhor das hipóteses, o rapaz de cabelo quase negro e olhos extremamente atraentes recusaria, ele sabia que eu gostava de correr sozinha.
- Não me apetece muito, e para além do mais tu gostas de correr sozinha. – Agradeci-lhe sorrindo e sai do seu quarto. Acabei por calçar as sapatilhas e fui até à cozinha buscar uma garrafa de água.
- Vais correr, querida? – Rose, continuava atenciosa como sempre. Assenti calmamente e ouvi a típica recomendação maternal a que já me tinha acostumado: -Tem cuidado e não voltes muito tarde. 
- Não te preocupes, antes do almoço estou aqui. É hoje que tu e o Charles vão aquele congresso de literatura? 
- Sim querida, partimos por volta das seis da tarde e estamos de regresso segunda de manhã. Vocês ficam mesmo bem? Eu confio em vocês e sei que tu e o Zayn são responsáveis mas…
- Mas nada, Rose. Qual é o drama? Nós não somos nenhumas crianças de dez anos: sabemos tratar da casa, sabemos fazer o almoço e o jantar, sabemos comportarmo-nos. Não te preocupes, vai tudo correr bem. – Descansei-a colocando as minhas mãos nos seus ombros e depositando um beijo na sua testa clara.
(…)
Passos rápidos e regulares, respiração controlada. Adorava correr pelo parque, libertava-me e acima de tudo ajudava-me a colocar as ideias em dia, os pontos nos is. Sentei-me num banco de jardim e fechei os olhos por uns minutos, aproveitei a música que o Ipod de Zayn me proporcionava. Zayn … tudo era perfeito quando estava junto dele, os problemas quase que desapareciam e o tempo era escasso. Sentia-me totalmente bem, como nunca antes me tinha sentido. Não podia ser, não podia permitir que isto acontecesse: eu não me podia estar a apaixonar por ele. Zayn podia ocupar o lugar de melhor amigo e de irmão, mas nunca mais do que isso. Era contra as regras, não que se tratasse de um crime ou uma violação à lei da natureza mas, se tudo corresse bem, dentro de mês e meio Rose e Charles teriam os papéis de adopção na mão e eu passaria a ser “irmã a tempo inteiro” e “filha de alguém”. 
- A pensar na vida?! – Danny sentou-se no mesmo banco que eu ocupara minutos antes, amaldiçoei esse momento. – Este costuma ser um bom lugar para isso…
-O que queres, Danny? – A minha voz saiu azeda.
- Ei, calma! – Pediu. – Vi-te aqui sozinha e pensei que querias companhia, desculpa vou-me já embora. – Danny olhou-me com uma certa mágoa nos olhos e um sorriso triste. – Adeus. 
- Danny, espera. Desculpa, podes ficar. – Pensando bem ele não me tinha feito mal nenhum, eu estava avisada do que ele era capaz de fazer mas nada de impedia de falar com ele. Se ele tentasse alguma coisa, eu sabia dizer não. 
- Olha … - Danny passou a mão pelo cabelo crespo, e olhou-me durante um curto período de tempo encarando de seguida o parque que se estendia diante de nós -  eu fiz muita asneira no passado, e sei que eles já te devem ter dado as queixinhas todas…
- Se é para falares mal deles, mais vale ires embora. 
- Desculpa – pediu mais uma vez – como eu estava a dizer, eu agora estou diferente. Mudei bastante desde que a Kate foi embora eu aprendi a lição. A droga é lixada, é um ciclo: quando estás lá dentro
- Torna-se complicado sair … - conclui. 
- Sim, é verdade. Colbie, eu consegui parar de andar naquela vida. Não nego que me dava muito dinheiro, não nego que me sustentava e me fazia sentir o rei do mundo, mas estar normal todos os dias é melhor – confessou – agora sei disso.
- É bom ouvir isso. – Toda a gente merece o benefício da dúvida até que o desperdicem. – Bem, eu vou andando.
- Posso só pedir-te uma coisa? – Danny levantou-se e eu imitei-lhe os movimentos, e observei o rapaz que tinha à minha frente: era bonito, e tinha cara de safado, principalmente quando brincava com o piercing que tinha debaixo do lábio no lado esquerdo. – Não leves a mal o que te vou dizer mas, o quadro que te estão a pintar pode não ser a obra original.
- Como assim? – Mostrei-me confusa, mas em vez de uma resposta recebi um beijo na face e um “adeus Colbie”. 
 
(…)


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