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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Dom | 26.09.10

Don't stop dreaming - Capítulo #36

Olá leitores, aqui fica mais um capítulo da Don't Stop Dreaming, sinceramente espero que gostem. Desculpem se o capítulo não estiver do vosso agrado, ou se estiver pequeno demais. Desculpem ...

 

Renata, como fizes-te o comentário 500 dedico-te este capítulo e tens direito a uma plaquinha. Obrigada por tudo minha irmã. EU AMO-TE.

 

Don't Stop Dreaming - Capítulo #36

 

Deviam ser umas onze e meia da noite, e eu estava ali no quarto de Richard. Como tinha chegado até ali, e como tinha tido coragem para abrir a porta eram perguntas complicadas. O destino, podia ser a resposta que eu procurava, a resposta a todas as minhas perguntas. O destino e o futuro, essas duas palavras que ninguém pode adjectivar, que ninguém pode prever, que ninguém pode mudar e evitar, que palavras tão fortes que levam, por vezes, a acções tão fracas. Depois destes anos todos, eu tinha o que queria, mesmo ali há minha frente, Richard. Podem me censurar, mas ninguém imagina a dor que se sente ao estar ao lado dessa pessoa, ao ouvir essa pessoa falar, dizer o nosso nome ou simplesmente lançar-nos um sorriso. Um sorriso?Não. O sorriso, aquele que nos conforta e que nos faz esquecer qualquer problema. O pior, sim a parte pior, surge quando as maçãs do rosto voltam há sua posição inicial, e esse sorriso se desvanece, aos poucos até terminar. Ouvi os meus pais a desligar a televisão e a apagarem a luz da sala, deviam ir deitar-se. Voltei a encarar o rosto de Richard, os seus olhos, o espelho da alma como muita gente diz, irradiavam esperança. A esperança essa eu sabia que dependia de mim, por mais que eu tentasse eu não podia adiar mais aquela conversa, já custava o suficiente passar por ele e não lhe dirigir uma palavra. Respirei fundo uma vez. Respirei uma segunda e há terceira consegui dizer:

 

Anne: Richard, eu vou ouvir-te. - um sorriso apareceu de novo na sua cara. - Mas por favor, não me peças o impossível, não me peças que te perdoa ou perceba imediatamente.

 

Richard: Já é um bom começo, só peço que me oiças. Eu não te vou julgar pelo que possas pensar de mim, mas eu simplesmente tenho de dizer e tenho de tentar que me perdoes. - Olhei-o, como se de uma repreensão se trata-se, ele apenas assentiu com a cabeça, mostrando que tinha percebido o meu olhar. - A teimosia sempre foi uma das coisas que tivemos em comum, não foi?

 

Anne: Sim ... - perdi-me em memórias que o tempo nunca tinha apagado. Tinha vontade de partilhá-las com ele, mas proferir mais do que três ou quatro palavras era me doloroso.

 

Richard, fechou a porta do quarto quando percebeu que eu ia ficar, para ouvi-lo. Sentou-se na cama, que estava feita com uma colcha vermelha, e com umas almofadas castanhas. Sempre tivera bom gosto, e as suas cores eram sempre as minhas cores preferidas. Fez sinal para que eu me sentasse a seu lado, preferi não fazê-lo. Provavelmente, magoei-o com a minha atitude, mas mais magoada estava eu, e ainda me era dificil, habituar-me há ideia de estar fechada num quarto, uma divisão de quatro paredes, a ter uma conversa (não muito correspondida da minha parte) com Richard, com o meu irmão Richard.

Acabei por me sentar, perto da cama num puf preto que ele tinha no quarto. Respirei uma vez mais, o quarto estava em silêncio e eu fui capaz de ouvir a sua respiração, confusa e rápida.

 

Richard: Anne, - começou por proferir o meu nome, que vindo dos seus lábios era simplesmente perfeito. - Eu sei que te magoei, eu sei que fui um estúpido, eu sei que fui um cobarde, fui a pior pessoa do mundo para ti, para ti que não merecias. Lembro-me de todos os momentos da nossa infância, lembro-me do dia em que aprendemos a tocar piano, os dois. Lembro-me do dia em que me imploras-te para jogar às bonecas e às casinhas contigo, e da cara que fazias quando eu te pedia para jogarmos aos policias e ladrões. Tudo era perfeito, éramos os irmãos mais cobiçados da cidade, como a mãe dizia, tínhamos tudo e acima de tudo percebíamos-nos com uma simples troca de olhares.  - não foi preciso esforçar nada, um sorriso de saudade apareceu na minha cara- Todos os dias, penso nisto, ando às voltas antes de adormecer a pensar como tudo era perfeito e como eu estraguei tudo. Estraguei tudo, por causa daquele inútil, aquele homem que me atropelou e que nunca foi encontrado.  Entrei em coma, três meses e sei que estives-te sempre lá. Não falhavas uma noite, e por estranho que parecesse eu sabia-o , eu sentia a tua presença, aqueles dias, o dia do acidente e o dia em que acordei parece que mudaram as nossas vidas e tudo por minha culpa. Acordei, e vi o estado em que estava. Não me preocupei logo comigo, vi que estava num hospital, ligado a imensas máquinas e olhei ao meu redor e foste tu a primeira pessoa que vi.  Não te consigo explicar as sensações que se apoderaram de mim naquele momento: raiva, alegria, frustação, medo , estas foram algumas delas.

 

Anne:Richard, por favor não continues - já estava em lágrimas, parecia que tinha recuado anos atrás e estava a viver aqueles momentos.

 

Richard: Anne, por favor, eu tenho de continuar. Ouve-me até ao fim por favor.

 

Levantou-se e sentou-se de frente para mim com as suas mãos esticadas para as minhas, quando as alcançou, senti os seus dedos entrelaçarem-se aos meus e voltei a gelar. Eu sabia que ele não ia seguir o meu pedido, e ia continuar. Por um lado era melhor que assim fosse. Mas estaria eu preparada para o que aí vinha?

 

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