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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Dom | 18.12.11

Dreams Of Love - Capítulo XXIX - Oh não

Capítulo XXIX – Oh não…

  Um estrondo, o bater da porta, uma mala de rodas a deslizar sobre o hall de entrada do prédio de David ditaram a separação dos nossos corpos, apenas a sua mão ficou colocada na minha face. Olhos nos olhos, ritmos cardíacos acelerados. O que tinha sido aquilo? Eu não podia, eu não devia cair na mesma asneira. Os meus olhos viajaram para o rosto de David, encarando-o. Não tinha qualquer traço de preocupação ou arrependimento, estava sereno… Poderia até ser descrito como feliz, pois no fim dos seus olhos formara-se uma pequena curva arrebitada… Estaria feliz? Haveria a possibilidade de se ter arrependido ou mesmo preocupado com aquilo que eu poderia pensar?
  Passos, breves passos. Degrau a degrau. Momento de silêncio, e depois o tilintar de uma chaves, a colocação daquela que abriria o lar da pessoa que há momentos atrás nos tinha interrompido? Ou, teria sido um aviso? Uma espécie de sinal?
    - Eu ... Tenho de ir David. Até mais … - disse-lhe, apanhando a minha mala que entretanto se encontrava no chão, e como uma cobarde saí dali não lhe dei qualquer espaço de manobra, não deixei que a sua voz se ouvisse.
   O que se passava comigo? Tinha jurado a mim mesma, nunca mais, em ocasião alguma agir por impulso, seguir o coração ou descobrir caminhos que por mais rosados parecessem, mais espinhos o seu conteúdo possuía. Não teria sido lição suficiente me ter magoado com João? Ter acreditado em tudo o que parecia ser e, não ter visto com olhos de ver o que toda a gente via?
    E porquê? Porque é que David mexia tanto comigo? Porque é que tinha despertado em mim sensações que há muito não sentia, nem desejava sentir.
“Não diga nada, não me impeça de fazer o que meu coração me manda”. Que significados teriam as suas palavras?
    Regressei a casa depois de um passeio e de uma conversa com o mar. Desta vez, nem ele me soube ajudar.

(…)
    Os dias seguintes correram a uma velocidade estonteante. Depois do episódio com David não voltamos a trocar nenhuma palavra. Não nos tínhamos encontrado e quando fui a casa de Ruben, ele não se encontrava com o mesmo. Não minto, talvez tenha ido lá com esperanças. Esperanças que não passaram disso, pois David não tinha estado com Ruben nos últimos dias… O meu telemóvel não tinha recebido nenhuma mensagem ou telefonema… Silêncio, como se de dois desconhecidos nos tratássemos, como se nada tivesse ocorrido. Talvez, tenha sido mesmo isso. Aconteceu mas não tinha tanto significado como a minha cabeça lhe tinha atribuído.
    - E depois o palhaço deu um murro ao polícia e disse-lhe que não era bom a representar …
      - Hã? – Inquiri bastante confusa. Encontrava-me encostada à janela da sala, de costas para Andreia mas com a qual mantinha – ou pelo menos tentava – formular um diálogo.
      - Foi a única maneira que arranjei para perceber até que ponto estavas a ouvir o que eu te estava a dizer. O que se passa nessa cabecinha, Marianinha? – Andreia levantou-se do sofá de cor branca que, juntamente com a restante decoração da sala de estar, tornavam o ambiente descontraído e dirigiu-se para o meu lado, colocando-me a sua mão direita no meu ombro enquanto formulava a questão que, conhecendo-a como conheço, já há bastantes dias a intrigava. 

     - Nada, Andreia. São coisas que prefiro não falar. São coisas da minha cabeça, que não tiveram a importância que lhe foi atribuída e ainda por cima, que não queria que tivessem acontecido. Esquece, a sério, está tudo bem.
 - Tu sabes que eu estou sempre aqui, não sabes? Vá, vai-te por bonita, os outros devem estar mesmo aí a chegar!

  Mais um ano findava, e para festejar a entrada dos novos 365 dias que se avizinhavam o local escolhido tinha sido a casa de Fábio. Os convidados eram mais que muitos, o plantel benfiquista iria invadir o nosso lar. Tomei um duche rápido, e optei por uns calções de cabedal de cinta subida e combinei-os com uma camisa rosa clarinha que Andreia me tinha oferecido, vesti um cardigan vermelho escuro e ondulei um pouco o


 cabelo. Coloquei no pulso o relógio e a pulseira que os meus tios me tinham oferecido, calcei uns botins pretos e estava pronta. 

 - Prima, - 
chamou Fábio – posso?

    - Sim, claro entra. – Encontrava-me na casa de 

banho a colocar creme no rosto, um pouco de gloss e estava mais que bem. – Estou muito mal?

     - Estás linda meu anjo, ainda bem que não escolheste um vestido. Lá em baixo anda tudo de vestido. – Gracejou Fábio, colocando-se lado a lado comigo para se ver ao espelho. – E o teu primo, está muito mal?

     - Claro que não, estás óptimo. Essa camisa é especialmente bonita, quem é que ta ofereceu? Tem um grande bom gosto.

   - Foi uma feia qualquer, pegou e deu-ma.
     - Estúpido. – Acusei-o divertida.

      - Parva, - reclamou lançando-me uma careta e um olhar divertido. A campainha soou e ouvimos a voz de Brenda e de Luisão. – A tua pequenina chegou, é melhor desceres se não ninguém a atura.

    - Sim, é melhor. – Disse-lhe encaminhando-me para a saída do quarto. – Tu vens?

    - Sim, desço já. Vou só fazer uma chamada e dentro de dez minutos estou na sala.
    - Ok.

(…)
   Na sala de estar já se encontravam, Aimar e Javi, cumprimentei-os com dois beijinhos e permanecemos na conversa durante uns cinco minutos.

    - Como correu o Natal na Argentina, Pablito? – Costumava tratar Pablo pelo seu diminutivo e ele tratava-me por Mari.
  - Muito bem, - respondeu-me com o seu sotaque espanhol. – Foi óptimo estar com as crianças.

    - Imagino, - confidenciei-lhe e presenciei nos seus olhos uma maré vidrada de lágrimas saudosas – tiraste fotografias? Quero ver se estão ainda mais bonitos do que tu os pintas.
   - Claro que sim, tirei imensas Mari. Depois do jantar mostro.
    - Combinado argentino preguiçoso.

Pablo e eu tínhamos uma grande cumplicidade e gostava bastante de conversar com ele, tinha uma personalidade estrondosa e muito acessível. Quando me preparava para perguntar a Javi por Elena, Sophia apareceu a correr e saltou para o meu colo.
     - Maiana, que saudadis. – Brindou-me entrelaçando os seus bracinhos no meu pescoço.
     - Oh minha querida, eu é que tinha saudades tuas. – Disse-lhe dando um beijinho no seu cabelo muito bem apanhado num bonito penteado.
    - Muitas? – Perguntou em confirmação e roçando o seu narizinho no meu.
      - Muitas – respondi-lhe, dando ênfase à palavra e abrindo os meus braços o máximo que pude – do tamanho do mundo.
Mais uma vez, tocaram à campainha e Sophia correu para a porta. Andreia, pegou naquela doçura e abriu a porta permitindo que Ruben e David entrassem. Ambos possuíam um enorme sorriso no rosto e David envergava um casaco cinza, com umas calças de ganga que lhe assentavam perfeitamente.
  - Caracole – gritou Sophia quando David a segurou ao colo.
    - Oh minha garotinha, - David tinha sempre uma palavra carinhosa para Sophia, e quando a colocou no chão rodou-a sobre o seu próprio eixo – que linda. É a menina mais bonita da festa.
 Eu e os restantes, os que nos encontrávamos na sala de estar, pudemos presenciar este momento uma vez que, as portas de acesso à sala encontravam-se totalmente abertas, e eu no lugar onde me encontrava tinha vista privilegiada.
  Sophia teve mais uma atitude inesperada pegou na mão de David e guiou até à sala de estar, puxando delicadamente.
     - Calacole, a Maiana também está bunita.

 Oh não…

E pronto, aqui fica o mais recente capítulo da Dreams of Love. Quero comentários, e agora ninguém tem desculpas...