Dreams Of Love - Capítulo XXVII – É você que me tem ensinado
Hoje deu-me vontade de escrever e enquanto acompanhava o jogo do Chelsea que não correu muito bem e onde o David não saiu do banco -.-, acabei o capítulo. Eu sei que não está assim nada demais mas foi o que se arranjou e se conseguir prometo adiantar o próximo ainda esta semana. No fim do capítulo, na palavra "vesti" encontra-se uma hiperligação para terem uma ideia do que a Mariana vestiu. Espero que gostem e não se esqueçam de comentar, por favor.
Capítulo XXVII – É você que me tem ensinado.
O dia vinte cinco de Dezembro foi passado também em família e no final do dia, os pais de Andreia e os pais de Fábio regressaram a casa.
- Querida, passa-me agora os copos mais pequenos por favor! – Eu e Andreia estávamos a arrumar a loiça, tarefa à qual Fábio se escapuliu.
Comecei a passar-lhe os copos que me tinha pedido e continuamos a conversar: - E pronto, a Rita disse-me que o Rúben apareceu lá em casa para falar com a Lia.
- A sério? – Abanei a cabeça afirmativamente em resposta à sua pergunta. – Ainda bem que o Rúben ganhou coragem.
- Mas é estranho, o Rúben nunca foi rapaz de ser tão cauteloso e com a Lia, esteve quase um mês para a convidar a jantar e só trocam mensagens.
- Eu só conheço a Lia de a ver nas apresentações da claque e de me cruzar com ela algumas vezes no estádio, mas parece-me uma rapariga bastante calma, simpática … Não tem nada em comum com o resto das raparigas da claque, são demasiado “meninas do papá” e nunca se tiveram de esforçar para conseguirem o que querem mas a Lia não, parece-me diferente e para melhor. – Andreia tinha o dom de perceber as coisas apenas com uma pequena análise, tudo o que acabara de dizer resumia-se à verdade.
- Sim é, e não digo isto por ela ser irmã da Rita ou por me ter dado logo bem com ela… Sabes, ela e a Rita não vivem com os pais há imenso tempo e quem cuida das coisas da Rita é a Lia.
- Ela trabalha em quê? – Andreia preocupava-se com todas as pessoas que conhecia e neste momento, estava preocupada com Rúben.
- Para além de fazer parte da claque, trabalha numa loja de roupa e faz voluntariado num orfanato.
- A sério? Isso é notável … Por acaso sabes onde fica esse orfanato? – perguntou-me Andreia.
- Sim, eu e a Rita já lá fomos duas vezes. Não tens bem noção, existem lá crianças tão fofinhas, tão inteligentes e que já passaram por tanto. – Era uma coisa que me metia bastante confusão, como certos pais podiam abandonar os filhos.
- Imagino minha querida, imagino. Um dia achas que é possível eu ir até lá? Eles devem precisar de toda ajuda, nem que fosse uma ou duas horinhas por semana …
- Eu vou falar com a Lia ou com a Rita e depois digo-te qualquer coisa mas, claro que podes. Pelo que vi toda a ajuda é bem-vinda e quantos mais voluntários, melhor. – Acabamos de arrumar a loiça e o Fábio apareceu na cozinha,
- Do que é que as duas princesas estão a falar?
- Estávamos a falar da Lia… - Fábio, como sempre cortou-me a palavra.
- A Lia do Rúben? – Perguntou-nos.
- Sim primo, se me deixasses acabar escusavas de ter usado a palavra. – Fábio fez-me uma careta. – Continuando, estávamos a combinar uma ida ao orfanato onde ela faz voluntariado.
- Acho que fazem muito bem, depois eu vejo se posso ir com vocês ou assim. – Fábio abraçou Andreia e deu-lhe um beijo na bochecha ao qual ela retribuiu. – E se fossemos dar um passeio?
- Eu alinho amor desde que não voltemos tarde … - respondeu-lhe Andreia. – E tu querida, vens connosco?
- Não me apetece muito … Vão vocês e aproveitem para namorar.
- Vou buscar os casacos e já vamos, amor. – Andreia deu um breve beijo nos lábios a Fábio e dirigiu-se ao andar de cima.
- Pequenina, está tudo bem? Não me mintas, eu já notei que te falta alguma coisa… Não estás totalmente feliz.
- Está primo, é só que a minha mãe não se dignou a mandar uma mensagem ou a fazer um telefonema … Mas eu já devia estar habituada.
- Eu vou tentar falar com ela …
- Não, não vais. Ela tem de se lembrar que tem uma filha e não que alguém lhe lembre isso. A sério, não te importes eu também vou tentar que isto passe. – Disse-lhe libertando um sorriso que se mostrou mais falso do que eu desejava. Entretanto Andreia apareceu e eles acabaram por sair.
Sentei-me no sofá e acabei por ver um documentário sobre arqueologia, nada que me despertasse muito interesse. Adormeci pouco depois.
(…)
“I need another story;
Something to get off my chestMy life gets kind of boring
Need something that I can confess.
Till all my sleeves are stained red
From all the truth that I’ve said
Come by it honestly I swear
Thought you saw me wink, no, I’ve been on the brink.”
O meu telemóvel despertou-me para uma manhã nublada e bastante cinzenta. Espreguicei-me e com as mãos esfreguei os olhos até que estes se habituassem à claridade. No visor do meu telemóvel apareceu o nome que eu não esperava que me ligasse tão cedo: David.
- Bom dia pequenininha, - David parecia ter acordado bem-disposto e cheio de energia, - dormiu bem?
- Bom dia óh grandalhão … Estava, estava a dormir muito bem. – Respondi-lhe de uma maneira irónica o que lhe provocou um pouco de desconforto.
- Mariana acordei você?! Desculpe, pequenina eu desligo já e você volta a dormir.
- David, deixa-te disso. Que horas são? Já deve ser tarde por isso não faz mal e também não ia conseguir voltar a dormir. – Tentei descansar aquela sua voz que já me era bastante conhecida.
- São onze e um quarto, garota. – Respondeu-me muito prontamente.
- Bem hoje caí mesmo no sono … Espera aí, tu disseste onze e um quarto? Tu estás cá em Lisboa, não estás?
- Ah… ah… Porque é que você pensa que eu tô em Lisboa? – Respondeu-me bastante nervoso com uma pergunta.
- Primeiro porque respondeste muito rápido e segundo agora que te perguntei que estavas cá, ficaste muito nervoso ‘zuca.
David gargalhou e respondeu: Cê já me começa a conhecer, muleque.
- Então é verdade? Já chegaste? – Perguntei-lhe sentando-me logo de seguida na cama, pois ontem tinha acordado no sofá, a meio da noite e dirigi-me até ao quarto onde voltei a adormecer.
- Sim garota, cheguei há pouco. – Confessou com um sorriso que foi bastante perceptível ao meu ouvido. – O que acha de a gentji tomar um café mais logo?
- Podias ter dito que chegavas hoje, eu tinha ido ter contigo ao aeroporto. – Afirmei-lhe muito convicta e fingindo uma voz repreensora. Enquanto falava com ele, equilibrei o telemóvel entre o ombro e a orelha para percorrer o guarda-roupa com as mãos.
- Não queria incomodá você e pra mais o babaca do Ruben tinha prometido que me vinha pegá ao aeroporto. E então, o nosso café fica combinado?
- Claro, por volta das três pode ser? – Perguntei-lhe já com a roupa na mão.
- Claro, como cê quiser… Pode ser aqui em casa? Assim levava já a sua prenda.
- Tu sabes muito … - respondi-lhe animada. – Então às três prepara o meu presente que eu estou aí.
- Claro que sei, é você que me tem ensinado. Até logo garota, beijo.
- Até logo ‘ zuca grande.
Desliguei o telefone e fui tomar um banho rapidamente. Vesti as minhas calças de ganga preferidas, que combinei com uma camisola às riscas cinzenta e branca e por cima uma camisola mais quentinha. Para terminar e como o frio de Dezembro se fazia sentir, calcei as botas lã que o pai de Fábio me tinha oferecido. Sequei o cabelo, estiquei-o ao de leve e fiz uma trança com três mechas muito fininhas. Pequei na carteira e dirigi-me até ao andar debaixo onde encontrei apenas um papel a avisar que os meus queridos primos tinham ido almoçar fora.