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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Ter | 23.08.11

One-Shot - Destino - Parte IV

  Penúltima parte desta one-shot!

 

Emma acordou uns cinco minutos antes do despertador, nunca antes tinha dormido tão bem. Desligou aquele aparelho que em breve interromperia o silêncio que reinava naquele quarto. Tomou um duche rápido sem nunca parar de pensar no homem que a tinha ajudado. Quem seria? Ela tinha de saber … Não podia mais jogar um jogo sem saber as regras, era perder logo desde início. Enrolou o seu corpo na toalha branca e bordada com as iniciais do hotel e seguiu até ao “seu” quarto. Verificou que tinha de vestir a roupa da noite anterior, e assim o fez. Deixou o seu cabelo ao natural, encaracolado nas pontas. Fez a sua cama, mesmo sabendo que uma empregada no hotel deveria fazer aquele trabalho e seguiu até à sala onde sabia que o ia encontrar. Lá estava ele, vestido de uma descontraída. Umas calças que lhe assentavam perfeitamente, uma camisola de meia cava de cor neutra e, uma camisa com um padrão muito em voga, aberta.  O cabelo ainda estava molhado o que o tornava mais escuro, os olhos de Emma fixaram-se naquele homem que na noite anterior a tinha acolhido. Tinha de admitir, ele era lindo e jovem. Os olhos dele, miraram Emma da cabeça aos pés que se encontravam ainda descalços. Emma, sem maquilhagem e sem aquele ar carregado era muito mais bonita já para não falar do corpo que ele conseguia ver uma vez que as roupas justas e curtas o faziam sobressair.
  - Bom dia Emma. – Disse-lhe brindando-a com um sorriso.
      - Bom dia … - ele notou que ela queria saber o seu nome e antes que ela perguntasse ele resolveu adiantar-se. – Raphael.
      O pequeno-almoço estava na mesa e Emma nunca tinha tido uma refeição tão completa. Era tal e qual como nos filmes americanos quando uma grande e rica família toma a primeira refeição do dia. Ela serviu-se apenas de um copo com sumo de laranja e um pouco de pão barrado com manteiga, não costumava comer muito.  
     - Como é o teu trabalho na livraria? – Raphael queria saber mais sobre a vida dela, sobre o seu dia-a-dia.
- É calmo, limito-me a atender os clientes e a organizá-la. – Respondeu-lhe olhando-o com os seus olhos escuros.
   - E trabalhas tu sozinha, ou existem mais empregados?
      - Só sou eu e o senhor Joseph, o dono da livraria. – Agora era a sua vez de fazer as perguntas que queria. – E tu, onde trabalhas?
    - O senhor Joseph sabe do teu outro trabalho? – Ele não lhe queria mentir, desde o início que isso lhe custava.
    - Olha Raphael eu não estou para isto. Tu tens o direito de me perguntar o que queres, como queres, de me acusares de mandares em mim e dizeres o que eu devo fazer. Ontem fiz o que me pediste mas não penses que isto vai durar muito tempo. Eu tenho o direito de saber coisas sobre ti já que tu sabes coisas sobre mim, e desde que me tiraste daquele lugar e me deste uma noite descansada como não tinha há muito tempo. Não me interessa se fores agora mesmo ter com aquele canalha e lhe dizeres que eu me fui embora ou tudo o que quiseres. – O seu tom foi subindo gradualmente, não tanto como na noite anterior mas Emma estava realmente a ser honesta com ele. Ela tinha o direito de saber o que quisesse. Raphael sabia que mais tarde ou mais cedo, Emma teria aquela reacção mas permaneceu quieto e calado. – Não vais dizer nada? Nem uma explicação? Nada?
    Emma, vendo que Raphael permanecia na mesma posição e limitava-se a encará-la abandonou o espaço que dividia com ele e seguiu até ao seu quarto. Calçou as botas de salto que trouxera calçadas na noite anterior e tentou sair do quarto. Foi impedida por Raphael que quando esta estava já no limite da porta a agarrou pelo braço e a encostou à grande parteira de livros que se encontrava no hall. Os seus rostos estavam próximos, tão próximos que lhe era possível sentir a respiração um do outro.
   - As tuas respostas vão surgindo aos poucos, eu prometo. – Sussurrou-lhe ele encarando aqueles olhos escuros que lhe faziam despertar sensações pouco desejadas. – Eu quero ajudar-te, eu vou ajudar-te mas tens de colaborar e não desconfiar de mim.
 Emma encarava também os olhos dele, ele estava a ser honesto mas não lhe estava a contar tudo: - Porquê eu? Porque a mim? Responde-me apenas a isto.
    - No meio daquela gente toda és a única que está lá porque precisa verdadeiramente do dinheiro. És a única que não quer aquilo, és a única que sente vergonha daquilo que faz. – Respondeu-lhe sendo honesto, encostou os seus lábios à face direita de Emma e deu-lhe um beijo perlongado.
   Depois daquele momento, quis o destino que Emma tomasse a decisão da sua vida mesmo que ela não tivesse noção do que tinha acabado de fazer: decidiu que ia responder a todas as perguntas que aquele homem lhe fizesse. Ele, levou-a até casa onde esperou que ela mudasse de roupa e encaminhou-a para a livraria. Ao fim do dia, foi busca-la levou-a de novo para a suite onde jantaram alegremente e num clima amigável. Mais tarde, Emma dirigiu-se sozinha até ao clube nocturno e dez minutos depois voltava a estar na companhia de Raphael.  A rotina era sempre a mesma, durante cinco dias e cinco noites os dias foram ocupados sempre com ele. As noites eram calmas, passadas a conversar, a ver filmes, a jogar às cartas ou simplesmente a observarem a lua, juntos. Na penúltima noite, Raphael tinha reunido tudo o que precisava de Emma. Tinha conseguido ganhar a sua confiança sem nunca desvendar a personagem que tinha criado. Eram duas da manhã, Emma dormia profundamente com a cabeça nas pernas de Raphael, este acarinhava-lhe o cabelo, passando a sua mão suavemente pelos fios castanhos. Tomou o seu corpo nos braços e deitou-a na cama que ela tinha ocupado durante o tempo que tinham estado juntos. Aconchegou-a e permaneceu imóvel a admirá-la. Seriam cinco dias suficientes para se apaixonar por Emma? Por instinto, levou os seus lábios aos de Emma, que ao sentir o seu toque acabou por acordar. Naquela noite, envolveram-se fisicamente. Emma pela primeira vez na sua vida sentiu-se amada e desejada. Não sentiu nojo de si mesma, sentiu-se mulher. Depois daquela entrega, adormeceram com os corpos colados e um sorriso nos lábios. Mas, tudo o que é bom … acaba depressa.

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