One-Shot - Destino - Parte II
Parte II.
Uma das suas colegas de trabalho tentou fazer companhia ao homem de cabelos curtos e rebeldes mas, numa atitude pouco comum por aqueles lados ele afastou-a e fez sinal à rapariga de olhos escuros. Enquanto ela se aproximava, ele registava na memória a sua forma de caminhar e aquele olhar que o prendera desde o primeiro momento. Ele sabia muito bem o que queria, pediu-lhe um uísque duplo e ainda, que chamasse o dono da boate. De forma intrigada e um tanto ou quanto rude ela pediu-lhe que se justificasse.
Motivos? Negócios.
Enquanto se encaminhava para o escritório do brutamontes que o seu patrão era, interrogava-se como era possível que um homem tão bem parecido pudesse frequentar um mundo como o dela. Geralmente, quando o assunto de conversa é negócios, significa “transferência” de novas raparigas ou tráfico de armas e droga. Ele não tinha cara de andar nessas confusões, era o coração que lho dizia.
(…)
O negócio foi rápido, ele sabia bem o que queria e como fazer para que desse certo. Dinheiro, algo que fez com que num abrir e fechar de olhos a rapariga dos olhos escuros deixasse de servir bebidas e se sentasse ao lado dele.
- Como te chamas? – Perguntou-lhe enquanto o uísque duplo lhe queimava a garganta.
- Harper. – Respondeu-lhe ela enquanto percorria a sala com o olhar para depois se fixar no homem a seu lado.
- Bonito nome, apesar de não ser o teu. Por agora serve, ninguém te obriga a revelar-mo. – Perante esta afirmação, ela olhou-o confusa. Era a primeira vez que alguém se importava com o facto de ela ocultar o seu verdadeiro nome. – Idade?
Mais um golo no uísque, uma pergunta à qual ele sabia a resposta.
- Vinte e um. – De novo uma mentira, já era habitual fazer-se passar por alguém mais velho.
- Bom número mas, mais uma vez a honestidade não se revelou um dos teus pontos fortes. – Acusou-a.
Fez-se silêncio naquela mesa, silêncio esse que contrastava com o barulho do clube nocturno. Harper estava bastante incomodada pelo facto daquele homem a ter “comprado” e estar a perlongar o tempo que antecedia o seu sofrimento, mais repugnante se tornava ter de encará-lo. Quanto mais depressa começasse mais rapidamente teria fim. Decidiu tentar a sua sorte.
- Sabe o meu chefe ficou intrigado com o seu negócio … Não é costume reservarem-se empregadas. - Ele continuou mudo, e ela prosseguiu: - Quem quer companhia, geralmente procura acompanhantes de luxo, não prostitutas baratas e de meia tijela.
- Estou a levantar suspeitas quanto à minha pessoa? – O jogo dela parecia estar lançado.
- Bastantes. – respondeu-lhe encarando-o e mirando pela primeira vez com atenção o seu rosto esbelto.
- É pena, eu gosto de sítios barulhentos. – A princípio ela não percebeu onde ele queria chegar. – Teria problemas se a guiasse para um hotel, ou prefere ficar aqui? Caso escolha a segunda opção terá de me indicar o que fazer. - Advertiu-a.
- A primeira é mais tentadora. – Voilá, finalmente o plano que ela tinha traçado estava a resultar. Em breve teria satisfeito aquele homem, recebido o pagamento e podia dirigir-se para casa onde duas a quatro horas de sono a esperavam.
Isto era o que ela pensava. Ele? Bem, ele tinha outros planos.
Espero que estejam a gostar, deixem opiniões.