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Sweet Nothing

Sweet Nothing

Seg | 15.08.11

One-Shot - Destino

 

 

 

Parte I.

        Ela nunca percebera o porquê de ter sido a seleccionada. Não era a mais bonita, não era de perto a mais voluptuosa, não era a rapariga com mais experiência naquele clube devido ao pouco tempo que passara desde a sua “entrada” neste mundo. A verdade é que foi a escolhida, e talvez nunca se perceba a razão. A madrugada ia alta, já muitos clientes tinham abandonado aquele espaço, satisfeitos com o momento de prazer que ela ou uma das duas companheiras de profissão lhes teria proporcionado. Aos seus olhos, quantos mais saiam mais entravam. Raro era o dia em que não sentia nojo de si, do que fazia e do que se tinha tornado. Raro era o dia em que não culpava a mãe de a ter colocado neste meio, para que sustentasse os seus vícios. Vícios esses que a levaram à morte, no fundo a rapariga de olhos escuros sabia que tinha sido justo. Quem pela espada mata, pela espada morre.

        A rapariga de olhos escuros, na noite em que tem inicio esta história, servia às mesas e se algum cliente se oferecesse com uma boa quantia tinha de cumprir todos os seus caprichos. Caso não o fizesse, seria maltratada pelo cabecilha do clube e arriscava-se a ser despedida. Ela precisava do dinheiro… o que ganhava na livraria não era suficiente para manter o pai na casa de repouso e garantir os cuidados necessários.  Naquela madrugada, algo ia mudar. Estava escrito e destinado mas, nunca se sabe se as escolhas que fazemos nos levam a trilhos melhores.

     Ele entrou e parecia desorientado, ela atrevia-se a dizer que seria a sua primeira vez num sítio daqueles. O olhar dele invadiu o espaço, percorrendo aquele lugar de canto a canto, umas duas vezes. Deu leves passadas e encontrou um lugar de frente para o bar, onde a rapariga de olhos escuros preparava as bebidas. Desde logo, desde o primeiro contacto visual que ele soube que seria com ela que teria de falar. Era bom observador e isso bastou para perceber que ela era nova demais para ser experiente numa vida assim. Olhou-a de cima a baixo, acompanhando os passos que ela dava até às mesas para servir o que lhe tinham pedido.
    A seu ver era bonita, por baixo daquela maquiagem toda havia uma beleza que poucos viam. Agia como se fosse telecomandada: sorrisos cínicos e piscar de olhos apelativos, na hora certa no momento exacto. Das duas, uma: ou estava muito bem ensinada, por gerações anteriores na área, ou aprendia depressa.

   Mais uma vez, conseguiu perceber que ela era a pessoa ideal – o alvo que procurava – pelo olhar carregado que fazia quando virava costas ao cliente que servira. O destino encarregava-se de tudo e para agravar ou melhorar a situação, ele adorava mulheres de olhos escuros e os dela eram chamativos, provocadores, misteriosos e inocentes. Tudo isto ao mesmo tempo.

 Tem continuação mas ... depende de vocês.

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